Dentre esses temores estão uma possível inépcia que me fizesse estragar tão nobre e caro ingrediente;. uma possível conjuntura kármica que me levasse a não combinar os outros ingredinetes direito; o meu querido companheiro odiar cogumelos - ele já não gosta de champignon - para todo o sempre enquanto ele existir, seja pela primeira, pela segunda ou pela própria terceira razão [ele não gostar por não gostar também é opção neste caso].
O negócio dos pequenos negócios é que o outro tem um poder de convencimento maior que a sua consciência. Na verdade, nos mercados grandes, em que você faz um caminho solitário pelas prateleiras e passa incólume por todos os funcionários do mercado, a ponderação é exclusivamente pessoal. Nos mercados pequenos em que você mal ou bem consegue ter algum contato com o vendedor a parte da sua consciência que quer muito levar o produto ganha o reforço da sugestão. E isso leva a irresistibilidade da compra.
Depois dessa teoria mercadológica absurda, vamos ao que importa que são as receitas feitas com cogumelos. Eu disse sim aos cogumelos frescos, lindos shitakes marrons por fora, branquíssimos por dentro e levemente perfumados com cheiro de levedura [fermento, para os incautos]. É, eu adoro um cheiro de fermento, vai entender. Acho também que esse aroma não era tão leve, pois não foi só eu quem senti.
Aqui estão eles! |
Por outro ângulo! |
Junto com o shitake freco, levei macarrão para yakissoba e mais algumas coisas chatas que estávamos precisando em casa. Tinha cenouras e brócolis orgânicos em casa para completar o meu jantar de uma quinta-feira que nem me lembro mais qual era. A primeira refeição cogumelística então foi yakissoba.
Lembrando: a única coisa que eu sabia sobre cogumelos era que tinha que tirar o cabo e não podia lavar os chapeuzinhos porque eram igual a uma esponja. Se eu os lavasse iriam absorver a água e ficar muxibentos.
Cozinhei 200 gramas do macarrão e em uma frigideira coloquei um punhado de gergelim para tostar, depois reguei com óleo de canola e pus a cenoura para refogar. Juntei o brócolis, deixei que cozinhasse um pouco. Pimenta do reino, sal e bastante gengibre ralado. No fim juntei o cogumelo fatiado. Quando tudo estava refogado joguei o macarrão com um pouco da água do cozimento, uma boa regada com shoyo e pronto. Ficou excepcional! Pelo menos para mim que adoro yakissoba e nunca cheguei muito perto de fazer um que parecesse uma comida tradicional. Nesse eu achei que cheguei a algum lugar, embora não ouse dizer que ficou como deveria ser, uma vez que nunca provei um yakissoba de verdade.
Refogando... |
Em breve coloco a receita número 2: omelete divina que combina muito bem com os cogumelos.
Volto hoje, alguns dias depois, com a receita da omelete de shitake. Eu já não estou me lembrando muito bem dela, mas omelete não é muito a lista de ingredientes - que devem estar fresquíssimos - mas o modo de fazer e o jeito para a coisa.
Se não me engano a coisa foi assim: eu fatiei os cogumelos bem finos, refoguei com alho em um pouco de manteiga. Bati dois ovos com sal e pimenta do reino moída na hora e duas colheres de sopa de leite. Despejei todo o líquido na frigideira, sobre os cogumelos e fui construindo a omelete. Sim, construindo, pois para ela ficar bem fofinha é preciso ir trazendo com delicadeza as bordas para o centro da frigideira, deixando o ovo que ainda não está cozinho escorrer para o espaço que ficou. Depois foi colocar queijo ralado por cima e deixar ficar bem dourada embaixo. Dobrar e servir com salada verde. Ficou muito bom e acho que foi onde o shitake mostrou a que veio e se saiu melhor, pois combinou bem tanto com o ovo quanto com o alho.
Como são perfeitinhos e fofos. |
A receita número três é a de um risotto, com shitake, brócolis orgânico. Tudo como manda o figurino... Separei o shitake em duas partes: a primeira foi picada e foi para o refogado no início da preparação, a segunda foi fatiada refogada com alho na manteiga [isso combina] e acrescida ao risotto no final, para não perder a textura do cogumelo. Caldo de legumes no fogo com os cabinhos dos cogumlos e algumas folhas do brócolis. Alho e shitake na panela, depois o brócolis refogando bem. Junto o arroz, um pouco de vinho branco e fico lá mexendo até cansar. No final, junto manteiga, parmesão, pimenta do reino e o refogado dos cogumelos feito separadamente. Acerto o sal e pra mesa.
Todos comeram felizes e ficaram satisfeitos com os esforços empreendidos pelo cogumelo nesses dias de comida diferente. Eles está aprovados e podem fazer parte do cardápio tranquilamente, sem maiores questionamento. A mesma sorte não tem a cenoura e alguns outros vegetais menos favorecidos.