Eu estou sumida, mas não completamente. A quantidade de coisas para fazer e alguns eventos de fim de semana tem me tirado da cozinha ultimamente, pelo menos no que diz respeito às experimentações e novidades culinárias que eu tenho que anotar para não esquecer. Tenho cozinhado apenas para subsistência - o que já é muita coisas, visto que poderia apelar para não-comidas congeladas - e para pequenas reuniões sociais regadas a quantidades astronômicas e cansativas de pizzas.
Dito isto, venho aqui fazer um update das atividades culinárias das últimas semanas, corridas e um pouco preguiçosas. Especialmente no que diz respeito ao quesito escrever, a resistência tem sido grande, desde que dei um tempo na famigerada dissertação. Se por um lado sobra tempo, por outro sentar na frente de uma tela e ficar gastando meus preciosos neurônios com letras não me parecia tão atrativo.
Percebo escrevendo essas palavras agora que na verdade o "dar um tempo" me fez bem. As ideias estão fluindo melhor e o texto não me parece tão forçado, como obrigação de blogueiro sempre alerta e feliz. Não sou blogueira e quase me confundi tentando ser. O melhor é seguir o meu ritmo e quando der vontade de vir aqui eu o faço. A única implicação negativa que posso observar nessa posição é o fato de perder algumas receitas pelo caminho, já que não estarão registradas, mas é um preço justo.
Escrevo, como uvas velhas e aguardo a hora de sovar um pão. Um que eu acabei de achar procurando um pão rápido e prático - palavra nefasta - para eu tomar café sozinha hoje à tarde, que infortúnio. Impetuosamente aceitei essa receita aqui [literalmente] sem pensar muito sobre ela e sem uma infinidades de pesquisas pela rede atrás do "melhor" disso ou daquilo. Tem dias em que você só quer o básico, ainda mais depois de ficar lendo livros heréticos sobre personalidades que criam a mais valiosa empresa de computadores do mundo a partir de simplificações e minimalismos.
Pausa para sovar [mexer] o pão!
A massa tá tão molinha que sovar me parece um erro semântico.
Voltando a conversa inicial, que já está perdido, visto que alguns parágrafos [contei, mas acho que parágrafo de uma linha é meio que café com leite, então resolvi por alguns] depois eu ainda não toquei no assunto feijão propriamente dito. A correira, a confusão, a preguiça - ah tá, lembrei - e alguns problemas de ordem pessoal me afastaram da culinária. Sim, mas não por completo e esse simples feijãozinho de sábado, merece minhas honrarias e considerações por escrito de tão perfeito que ficou. Claro que a perfeição está medida aqui de acordo com a minha escala feijonística de perfeição. Sem dúvida, na minha opinião, esse foi o melhor feijão que eu já servi para alguém. Esta também foi a opinião do meu querido companheiro, mas ele só tem 10 anos de feijões ao meu lado não pode avaliar a escala evolutiva prá-relacionamento. Além disso, [dei um tapão sem querer na bacia e as uvas voaram longe - ainda bem que só tinhas umas poucas murchas] ele ficou com o que eu consideraria a cara do feijão perfeito, com o caldo grosso, mas caroços firmes, que quando você põe no prato ele se esparra sem perder a cremosidade e fica com uma textura aveludada envolvendo seus pequenos grãos.Essa foi uma descrição meio poética de mais para feijão, mas foi assim que ficou e se tivesse que usar uma imagem, acho que parece aquelas cenas de canais de TV pseudo-científicos que mostra a lava de vulcão escorrendo lentamente por uma superfície. Geológico demais, mas foi a única coisa que me veio a mente.
O fato é que eu estava a fim de comer feijão já tinha um tempo e as minhas últimas tentativas, digamos, não foram aprovadas no meu controle de qualidade pessoal. Depois que extingui a última porção de feijão preto que tinha no freezer - finalmente, pois demorou uma vida pra acabar - fui atrás de feijões de outros tipos para variar um pouco. Acontece que o término do meu feijão preto calhou de coincidir com uma abdução coletiva de todos os outros tipos de feijões do mercado, o que atrapalhou minha busca em alguma semanas. Parece uma saga, exageradamente detalhada para simplesmente comprar feijão, e foi por isso que desisti de ficar me afundando exaustivamente num mar de indecisões sobre melhor tipo de feijão e pegar um pacote de carioquinha que era o que tinha no mercado.
Uma vez em casa o pacote de feijão carioquinha morou no armário por um bom tempo antes de ver a luz, finalmente. Sempre pensava em fazer mas alguma coisa conspirava contra e eu acabava desistindo. No último fim de semana, aproveitei que estava meio agitada demais, fazendo um milhão de coisas ao mesmo tempo e procurando mais coisas para fazer, e fui cozinhar feijão. Vou comer feijão nesse fim de semana e estava decidido. Na quinta à noite coloquei o feijão de molho na água - assim não teria escapatória. Na sexta pela manhã, antes de sair para resolver alguma coisas que não me lembro mais, troquei a água do molho e pensei em cozinhar o feijão para o almoço. Quando voltamos da rua, já era muito tarde e a fome era maior do que o tempo necessário para o feijão ficar pronto, então fizemos um lanche [eu acho] e deixei ele aguardando seu momento, mais tarde. Nessa hora, apenas troquei a água mais uma vez dando uma lavada geral em tudo. No fim da tarde de sexta, coloquei ele para cozinhar - e a essa altura já sabíamos que comeríamos pizza no dia seguinte - pizzas que sobraram do fim de semana anterior.
Cozinhei meio quilo de feijão carioquinha com quatro folhas de louro e dois dentes de alho inteiros. E, importante, joguei os grão na panela de pressão com a água fervendo, deixei a temperatura aumentar e tampei. Depois de começar a chiadeira, mais trinta minutos e uma feliz revelação ao abrir a panela. O aspecto do feijão tava tão perfeito, que em não podia simplesmente congelar ele todo. Estava tão promissor e fresco que eu "tinha que" temperar uma parte e comer, apesar da sombra da pizza por vir. Separei metade, aproximadamente, nos potes para o freezer e comecei a temperar o restante.
Para o tempero, só o essencial e algumas carnes pra dar uma sustância. no pilão foram três dentes de alho, uma pitada de sal e algumas folhas de manjericão. Na panela, com o fogo sempre baixo [feijão requer paciência], bacon picado até soltar a gordura. Depois a pasta de alho até dourar e, por último, calabresa em rodelas até ficaram bem crocantes. Depois que esse tempero apura bem, é preciso juntar o feijão, mas não tudo junto. Primeiro, uma concha com mais caldo para limpar o fundo da panela e em seguida, o restante do feijão que fica apurando no fogo baixo até começar a ferver e engrossar ainda mais. Só no fim, sal - meia colher de chá - e pimenta do reino a gosto.
Ficou incrível e eu prontamente abasteci uma caneca, como manda a tradição, feijão e um fio de azeite por cima. Não sei se a culpa antecipada pela eminência da noite da pizza ou o fastio pela lembrança do cafe da tarde ainda fresca, fez meu querido companheiro desistir do feijão para o jantar de sexta-feira. Eu deixei ele esfriando para o almoço do sia seguinte. Acontece que algumas poucas horas depois, alguém não resistiu e se pronunciou com fome: "Bem que eu comeria feijão agora", foi a frase que ele proferiu. Eu prontamente fui aquecer o caldo para comê-lo como uma sopa com pão torrado. Pra quem não queria jantar até que a disposição foi boa, visto que a sobre não dava nem para um almoço no dia seguinte.
No almoço do dia seguinte, fiz um pouco de arroz para acompanhar e temperei o feijão que estava no pote para ser congelado, pois o que tinha não dava e necessitávamos de mais feijão àquela altura. Comemos de novo e do feijão que iria todo para o freezer só sobrou um potinho. Refeição confortante, mais caseira impossível e deliciosa. No almoço, ainda refoguei um pouco de couve da horta para meu acompanhamento - o companheiro não gosta de couve - e posso tirar minha licença para feijoada, pois o teste foi muito bom.
Existem 1.475.876 sites sobre gastronomia, culinária, receitas e afins... Desses, eu frequento com certa regularidade pelo menos uns 598.009... Mas, nem sempre, para não dizer quase nunca, as receitas que vejo são seguidas à risca... Às vezes, mudo um ingrediente, às vezes, pego um pouco de umas três ou quatro receitas... Criei esse blog de mim para mim mesma como uma forma de ter sempre um lugar para lembrar quais receitas funcionaram, de quais eu gostei e como foram feitas por mim.
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