sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Sobrou aipim do bom? Sopa

Essa é uma receita de sobras. Eu tô com muita má vontade para escrever ultimamente. No entanto sinto que boas ideias se perderão caso eu não as coloque no "papel". Essa sopa é uma dessas boas ideias que surgem no momento em que se cozinha e depois vão sendo suplantadas por novas coisas que acontecem e com a dinâmica de cozinhar para o dia a dia.

Não tá muito quente pra sopa? Não está meio fora de estação? Sim, mas felizmente onde eu moro o clima colabora bastante para o ato de comer alimentos quentes. Frio não tá, no entanto, à noite um caldinho cai bem e não mata os comensais de tanto suar.

Esse caldo de aipim não é nada levinho, porque acho que ser pesado é da constituição própria do dito vegetal. Ainda usei bacon para dar um gosto e isso torna a coisa mais heavy ainda. Não é nenhum feijão carregado que vem com aquela moleza pós-prato mas dá uma tristezinha boa depois de comer.

Usei um aipim muito bom, que já estava cozido e desmanchando antes de ir para a panela do caldo. Eu comprei ele com um dos locais aqui da região que vende legumes/frutas/verduras de porta em porta [Ah! A vida no campo], bem melhor que enciclopédia, perfume e palavras vazias sobre alguma coisa transcendental. Cozinhei todo o aipim comprado, com uma parte fiz um escondidinho vegetariano de cogumelos que também merece um post e as sobras ficaram na geladeira meio sem destino.

Quando cheguei ao limite do dilema o que teremos para o jantar, lembrei das sobras do aipim e resolvi fazer uma sopinha pra aquecer esse resquício de dias frios que já se foram a muito tempo junto com o inverno. A receita, como foi totalmente intuitiva vai daquele modo contado mesmo, porque não tem muita medida ou coisa do tipo, é tudo meio como está seu espírito no momento e quais são os ingredientes que tem em casa.

Primeiro de tudo, foi para o pilão, alho [tipo 3 dentes], pimenta branca em grãos, uma pimenta de cheiro fresca que parece uma pitanga e foi recolhida dos vasinhos de tempero [faz muita diferença e poderia ter colocado mais se eu tivesse. No meu pé só tinha uma pimenta madura e me arrependi de não ter trazido um pouco dessa pimenta que estava jogava aos montes na sala do café no trabalho]. Além disso, acrescentei aos temperos pilados um punhado de sálvia e sal.

Na panela quente com um fio de azeite foi bacon em cubos até soltarem bem a gordura e ficarem crocantes - meio à pururuca, se é que isso é correto de se afirmar para bacon. Depois que eles estavam no ponto, foram retirados da panela e colocados para escorrer no papel toalha. Na gordura do bacon, refoga-se um pouco de cebola [meia] com os temperos do pilão. Por fim vai o aipim cortado em cubos para refogar um pouco nesses temperos. Quando começar a grudar no fundo da panela é hora de juntar uma dose - generosa - de cachaça para deglaçar. Aqui foi a melhor ideia que eu tive desde que comecei a fazer essa sopa. Nunca pensei que o gostinho e o aroma da bebida fossem ficar tão presentes na hora de comer e que isso fosse tão agradável. Bom também se quiser afogar as mágoas durante o jantar, porque embora não dê para embebedar ninguém, pelo menos é uma desculpa.

Feito isso, foi só juntar um pouco de caldo. Qualquer caldo serve, mas usei um de grão de bico que tinha congelado. Acertar o sal e a pimenta, voltar com o bacon para a panela na hora de servir para que ele fique crocante e não ensopado.

Esqueci de comentar que enquanto estava apurando no fogo, já com o caldo, juntei um pedaço pequeno da casca de um queijo parmesão para ajudar a desenvolver o sabor do caldo e também funcionou.

Como sempre, eu não tenho fotos. Não que eu não goste delas. É que eu sempre esqueço de tirar e foto de caldo, à noite, sem tripé, dificilmente iria ficar publicável.

Tudo que eu sei, é que esse caldo de aipim e pinga [porque a pinga ficou presente] merece ser repetido, porque foi uma ótima refeição. Apreciada com torradas feitas de ciabatta que comprei na padaria  cheia de esperança de que fosse abri-la e ver aqueles alvéolos bonitos. Ledo engano, o pão tava bem meia boca, com muito fermento e provavelmente sem o tempo de fermentação que merecia. Ao ver minha decepção, meu querido companheiro só falou: "Mas também o que você esperava". Eu tinha esperança, tá. Contra-argumentei que a padaria parecia tão legal, toda arrumada e com coisas caras e de rico por todos os lados, achei que pelo menos podiam se dignar a fazer um pão clássico decente e não fazer um pão chato coberto de farinha querendo enganar o consumidor. Então não bota a p*rra do nome do pão de ciabatta na etiqueta.

Sem problema, o caldo de aipim levemente encachaçado tornou o pão um coadjuvante bem fuleirinho que nem recebe fala nenhuma e não atrapalha o andamento do script.

Resolução do dia: espero por posts com um pouco mais de inspiração.

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