Essa é uma receita de sobras. Eu tô com muita má vontade para escrever ultimamente. No entanto sinto que boas ideias se perderão caso eu não as coloque no "papel". Essa sopa é uma dessas boas ideias que surgem no momento em que se cozinha e depois vão sendo suplantadas por novas coisas que acontecem e com a dinâmica de cozinhar para o dia a dia.
Não tá muito quente pra sopa? Não está meio fora de estação? Sim, mas felizmente onde eu moro o clima colabora bastante para o ato de comer alimentos quentes. Frio não tá, no entanto, à noite um caldinho cai bem e não mata os comensais de tanto suar.
Esse caldo de aipim não é nada levinho, porque acho que ser pesado é da constituição própria do dito vegetal. Ainda usei bacon para dar um gosto e isso torna a coisa mais heavy ainda. Não é nenhum feijão carregado que vem com aquela moleza pós-prato mas dá uma tristezinha boa depois de comer.
Usei um aipim muito bom, que já estava cozido e desmanchando antes de ir para a panela do caldo. Eu comprei ele com um dos locais aqui da região que vende legumes/frutas/verduras de porta em porta [Ah! A vida no campo], bem melhor que enciclopédia, perfume e palavras vazias sobre alguma coisa transcendental. Cozinhei todo o aipim comprado, com uma parte fiz um escondidinho vegetariano de cogumelos que também merece um post e as sobras ficaram na geladeira meio sem destino.
Quando cheguei ao limite do dilema o que teremos para o jantar, lembrei das sobras do aipim e resolvi fazer uma sopinha pra aquecer esse resquício de dias frios que já se foram a muito tempo junto com o inverno. A receita, como foi totalmente intuitiva vai daquele modo contado mesmo, porque não tem muita medida ou coisa do tipo, é tudo meio como está seu espírito no momento e quais são os ingredientes que tem em casa.
Primeiro de tudo, foi para o pilão, alho [tipo 3 dentes], pimenta branca em grãos, uma pimenta de cheiro fresca que parece uma pitanga e foi recolhida dos vasinhos de tempero [faz muita diferença e poderia ter colocado mais se eu tivesse. No meu pé só tinha uma pimenta madura e me arrependi de não ter trazido um pouco dessa pimenta que estava jogava aos montes na sala do café no trabalho]. Além disso, acrescentei aos temperos pilados um punhado de sálvia e sal.
Na panela quente com um fio de azeite foi bacon em cubos até soltarem bem a gordura e ficarem crocantes - meio à pururuca, se é que isso é correto de se afirmar para bacon. Depois que eles estavam no ponto, foram retirados da panela e colocados para escorrer no papel toalha. Na gordura do bacon, refoga-se um pouco de cebola [meia] com os temperos do pilão. Por fim vai o aipim cortado em cubos para refogar um pouco nesses temperos. Quando começar a grudar no fundo da panela é hora de juntar uma dose - generosa - de cachaça para deglaçar. Aqui foi a melhor ideia que eu tive desde que comecei a fazer essa sopa. Nunca pensei que o gostinho e o aroma da bebida fossem ficar tão presentes na hora de comer e que isso fosse tão agradável. Bom também se quiser afogar as mágoas durante o jantar, porque embora não dê para embebedar ninguém, pelo menos é uma desculpa.
Feito isso, foi só juntar um pouco de caldo. Qualquer caldo serve, mas usei um de grão de bico que tinha congelado. Acertar o sal e a pimenta, voltar com o bacon para a panela na hora de servir para que ele fique crocante e não ensopado.
Esqueci de comentar que enquanto estava apurando no fogo, já com o caldo, juntei um pedaço pequeno da casca de um queijo parmesão para ajudar a desenvolver o sabor do caldo e também funcionou.
Como sempre, eu não tenho fotos. Não que eu não goste delas. É que eu sempre esqueço de tirar e foto de caldo, à noite, sem tripé, dificilmente iria ficar publicável.
Tudo que eu sei, é que esse caldo de aipim e pinga [porque a pinga ficou presente] merece ser repetido, porque foi uma ótima refeição. Apreciada com torradas feitas de ciabatta que comprei na padaria cheia de esperança de que fosse abri-la e ver aqueles alvéolos bonitos. Ledo engano, o pão tava bem meia boca, com muito fermento e provavelmente sem o tempo de fermentação que merecia. Ao ver minha decepção, meu querido companheiro só falou: "Mas também o que você esperava". Eu tinha esperança, tá. Contra-argumentei que a padaria parecia tão legal, toda arrumada e com coisas caras e de rico por todos os lados, achei que pelo menos podiam se dignar a fazer um pão clássico decente e não fazer um pão chato coberto de farinha querendo enganar o consumidor. Então não bota a p*rra do nome do pão de ciabatta na etiqueta.
Sem problema, o caldo de aipim levemente encachaçado tornou o pão um coadjuvante bem fuleirinho que nem recebe fala nenhuma e não atrapalha o andamento do script.
Resolução do dia: espero por posts com um pouco mais de inspiração.
Existem 1.475.876 sites sobre gastronomia, culinária, receitas e afins... Desses, eu frequento com certa regularidade pelo menos uns 598.009... Mas, nem sempre, para não dizer quase nunca, as receitas que vejo são seguidas à risca... Às vezes, mudo um ingrediente, às vezes, pego um pouco de umas três ou quatro receitas... Criei esse blog de mim para mim mesma como uma forma de ter sempre um lugar para lembrar quais receitas funcionaram, de quais eu gostei e como foram feitas por mim.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Sobrou aipim do bom? Sopa
Postado por
AP
às
14:38


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