segunda-feira, 31 de março de 2014

Pedido inusitado, vida natureba e questões, muitas questões

Ontem eu recebi um pedido inusitado do comedor de bolos. A questão não estava naquilo que havia sido pedido em si: um bolo com passas.

A singularidade estava na iniciativa tão espontânea de pedir um tipo de bolo, visto que, todas as vezes que eu pergunto qual bolo a pessoa vai querer ela responde: "Qualquer um, desde que seja bolo."

Desde que seja bolo significa:

1. Nunca coloque frutas dentro da massa do bolo de modo que os pedaços fiquem mastigáveis.

2. [Quase sempre] Não faça bolos com cores exóticas. Especialmente as que pertencem a paleta de cores de embalagens de produtos farmacêuticos. Isso só aconteceu uma vez com um bolo de beterraba e até hoje é lembrado e recontado vividamente e com requinte de crueldade.

3. Nunca coloque frutas dentro do bolo exceto se elas forem banana, maçã [com ressalva], ou limão.

Idiossincrasias a parte, eu fiquei chocada momentaneamente com um pedido tão direto e ao mesmo tempo inédito. Passas não são, assim, uma coisa muito amada que ele não pode viver sem. Gostar pode até ser que goste, mas não não com aquele desespero de quem trocaria um dedo por elas.

Tava já chegando a hora do bolo [domingo à tarde é sempre propício para um bolo] e eu não via muitas alternativas para o pedido. Vai ver que era porque eu não havia procurado. No entanto, ao pensar passas me vem imediatamente a ideia de integral - não me pergunte o porquê [esse eu sei que é junto e com assento].

Fui procurar algo que achei que tivesse visto no livro Panelinha da Rita Lobo. Um bolo integral com várias frutas e castanhas. Folheando, vi que tinha uma versão integral de bolo de cenoura que me interessou. Tô numa vibe meio culpa meio natureba sem saber o que exatamente vem primeiro: se a neurose ou a saúde. Lendo os ingredientes do bolo, adivinha o que tinha na lista: passas. Sinal, sim um sinal! Era o bolo que deveria ser feito naquele dia. Muita coincidência!

Não pensei muito e comecei a separar os ingredientes temerosa que a falta de uma farinha branca fosse inviabilizar a mastigação no futuro. Apesar disso, segui com a coisa e troquei audaciosamente 1/3 de farinha integral por fibra de trigo.

O bolo é um espanto de umidade e fica com um sabor muito marcado de melado, provavelmente por causa do açúcar mascavo. É denso, mas não é pesado, nem ficou duro. A cenoura ralada fica mastigável, mas em muita harmonia com as passas [mesclei escuras e claras]. Resultado muito bom, com as solicitadas passas e bastante saúde embutida. Vai para os favoritos e para o blog! Já tá indo.

Uma curiosidade é que não comprei este livro para mim. Comprei para presentear uma amiga oculta que, descobri, na última hora [dois dias antes da troca dos presentes], já ter o livro. Como comprei pela internet e não poderia trocar a tempo, resolvi ficar com ele e comprar outro livro para ela. Como um presente indireto este livro tem até sido bastante útil, já que é o segundo bolo natureba feito nesta casa que saiu de suas páginas. Tenho folheado ele e gostado de ler quando não tenho muita inspiração.

Conclusão: quando for dar um livro para alguém compre um que você não tenha que poderá ficar para você sem o sentimento de estar sendo consumista.

Vou ver se consigo uma foto. Já que comprei uma câmera nova! A câmera! Já tem um mês e não produzi nenhuma foto de comida para o blog.




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