segunda-feira, 23 de abril de 2012

Couscous marroquino e falafel na falta de um título mais criativo

Era uma sádabo e nós em casa. Nada pode ser melhor do que isso, exceto saber que tem um feriado na segunda. A semana não foi fácil, alguns problemas se acumulam, e pior ainda, vão e voltam e não nos deixam em paz. Estava num ponto limite entre a razão e o desespero [meio exagerado isso], mas nem vontade de cozinha em vinha tendo até as coisas clarearem um pouco neste fim de semana.

Eu ando meio sem paciência para quase todo mundo, exceto alguns bons e velhos companheiros que nunca são demais e sempre estão a postos quando se precisa. Mesmo que eles não saibam que você precisa deles e que eles nunca fiquem sabendo [talvez hoje saibam] eles estão lá e fazem as coisas melhores. E sem que isso implique necessariamente em consolar você. Ando levemente introspectiva demais, pensativa demais e absolutamente sem ideias que prestem, para quase tudo que me proponho a fazer parece que os pensamentos não fluem como deveriam.

Estou caminhando com os projetos, mas me sinto como se estivesse presa [acho que stucked é a melhor palavra para descrever isso] sem sair do lugar. Estranho isso, meio freak, pra não dizer depressivo e inapropriado. Pra ninguém achar que terei tendencias suicidas futuras, isso é só em relação ao trabalho e aos estudos e não chega a me tirar do sério. Apenas acho que registrar ajuda a exorcizar um pouco desses fantasmas emperradores e por isso deixo essas pequenas confissões públicas.

Essa inquietação pede uma comida fácil e rápida, só que sem parecer de preguiçoso. Nada de juntar tudo na geladeira e fazer omeletão, ou torta de resto, ou coisas que envolvam as palavras liquidificador e panela de pressão. Um mandamento culinário diz que usar panela de pressão é pra fazer coisa difícil - feijão, lentilha, sopas variadas, "carne assada" - e trabalhosas, nada de facilitar a vida da cozinheira que isso não é comercial de margarina nem nada. Assim sendo, com a criatividade em dia e uma ligeira queda para o Oriente o almoço saiu com rapidez, facilidade e um pouco de estilo. Fiz falafel assado com uma salada de couscous marroquino pra lembrar os velhos tempos em que eu tinha algum comprometimento com o planejamento das refeições.

Com a minha atual fase de correria, o preparo das comidas não tem sido, assim, um ato de pensamento voluntário, tendendo ao estilo "geladeira oráculo": olhe fixamente dentro dela e veja se encontra a resposta. Mas isso não quer dizer que não tenho, tentado ao menos, comer de modo correto e saudável, pois se em casa está mais difícil nos almoços no restaurante quando estou no trabalho tenho me mantido firme na missão e, inversamente, distante do empadão de frango e da batata frita dos infernos. Toda essa história também prova que todo o tempo investido anteriormente em planejar, medir e combinar alimentos para criar pratos quase à exaustão estão sendo muito bem aproveitados agora. De certo modo, aumentei em muito a variedade de receitas na manga e consigo manter um armário com itens suficientes para cozinhar sem pensar e sem sofrer, mesmo quando falta algum ingrediente. É o bônus da comida saudável, porque uma vez liberta de convenções do arroz com feijão e da opressão do creme de leite, fica muito fácil preparar qualquer coisa.

Nesse último sábado então, fui pra cozinha sabendo o que queria mas sem investir um tempo enorme e desnecessário nisso. Quick and easy e um pouco atabalhoado! Joguei no processador, cerca de 250 gramas de grão-de-bico-cozido, meia cebola picada, dois dentes de alho picados, um punhado de cebolinha picada, pimenta do reino moída na hora, sal, uma quantidade exagerada de tabasco só percebida em sua picância depois que comemos [mas ainda assim ficou bom], um pouco de azeite e um pouco [bem pouco - uma colher de sopa] de caldo de legumes. À massa que se formou juntei farinha integral, zathar e farelo de trigo até dar liga no ponto de modelar, mas sem deixar muito seco. Depois, modelei os bolinhos, no formato de pequenos hamburgueres, e dispus em uma assadeira untada com óleo. Forno, depois que eles tostarem de um lado é só virar e esperar tostar o outro. Enquanto os bolinhos estavam no forno comecei a preparar a salada de couscous marrooquino. Piquei tomates cereja em quatro, queijo provolone em cubos. Hidratei uma xícara do couscous em caldo de legumes. Juntei os picados com o couscous e acrescentei folhas de manjericão, sal, pimenta e azeite.

Quase árabe.
Esqueci de dizer, que enquanto o falafel assava no forno, ainda fiz um bolo pra aproveitar a quentura e o tempo na cozinha. Só deus sabe o quanto de louça e sanidade isso me custou. Espero que minha memória esteja funcionando, pois estou sentido ela falhar e começo a duvidar dessa história do bolo. OMG! Lembrei! Foi isso mesmo que aconteceu, pois na hora em que eu fui virar os bolinhos [não sei escrever falafel no plural] que começaram meio que a querer desmontar, claro, minha outra parte foi ajudar com a batedeira que estava pirando e girando a tigela feito louca sem bater nada. Ele gentilmente, foi até lá e raspou as laterais da tigela com a colher colocando a massa em seu devido lugar.

A combinação dos dois ficou bem saborosa, só que ao contrário das minhas expectativas a salada de couscous alimentou todos satisfatoriamente e ainda sobrou. Pensei: vou fazer uma porção grande, porque a comida vai ser só isso e corro o risco de ter gente com fome depois do almoço. Aconteceu justamente o inverso, depois de duas pequenas rodadas os mais desesperados já estavam cheios e desistiram de acabar com a salada de uma vez. Sobrou aquele pouco indesejado, que não dá pra dois e é muito pra um, mas fazer o quê?

Dito isto, o almoço foi bem bacana e saudável, fazendo eu me sentir bem comigo mesma e satisfeita para uma sessão de bolos, bolinhos e mais algumas rodadas de comida de verdade. Hoje, à propósito, foi dia de polenta coberta com fígado de frango feito espetacularmente na manteiga com alho, cebola, tomate, shoyu e alecrim. simples e delicioso, tão quente quanto confortante, pra não dizer necessário.

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