segunda-feira, 30 de abril de 2012

Cozinha para evitar o tédio e um suflê de legumes nutritivo

Eu não tenho andado longe da cozinha, mas em dívida com a criatividade culinária. Em parte sem tempo, é verdade, mas também sem vontade de ficar fazendo pose de comida e/ou escrevendo mais do que eu já tenho que escrever, por trabalho ou obrigação.

Hoje não foi diferente, acordei com uma preguiça descomunal e nem pude ficar imensamente feliz por não ter que trabalha. Isso porque preguiça geralmente vem junto com o tédio e torna-se um círculo viciosos. Tenho preguiça e não faço nada, fico com tédio. O tédio me deixa mal-humorada e aumenta a preguiça. A inércia toma conta de tudo e fiquei cerca de uma hora perdendo meu tempo na frente da TV com programas estúpidos só porque não tinha forças pra começar o dia logo cedo.

Até preguiça tem limite e esse limite vem acompanhado de certa culpa pelo desperdício de tempo tanto para o lazer quanto para a obrigação. Daí, foi o bonitinho ir passear de bicicleta para expiar a culpa dele que resolvi tomar vergonha e dar um rumo menos empoeirado e arrastado para o meu dia que mal havia começado. Afinal  ele havia saído para fazer o que mais gosta e já tinha até levado o carro no médico usando o tempo para as obrigações. Se ele vai fazer o que mais gosta eu vou...

Trabalhar!

Pois é, a minha culpa é maior em relação ao trabalho que ao prazer. Descobri isso hoje, talvez porque para os dias de preguiça ficar sem fazer nada seja uma fonte oculta de prazer, vai saber. Assim, paguei a minha corveia para ficar em paz com minha mente obsessivamente disciplinada [pelo menos nos últimos tempos] e comecei a mexer. Lentamente comecei a escavar a poeira e sair de baixo dela. Desliguei a TV, andei um pouco para sentir o sangue circular nas pernas novamente, abri as cortinas e a janela [passo importantíssimo - a preguiça me impediu até de ver que a casa estava meio "dark"] e fui para a cozinha com o computador a punhos para começar a minha rotina escrivinhadora. Subi no "escritório" peguei os textos que achei que fosse precisar, dei uma organizada na pequena montanha de despejos que deixamos no braço do sofá que fica perto da porta [é o nosso aparador, onde jogamos as coisas quando chegamos da rua e às vezes dá uma acumulada incomoda]. a ordem dessa coisas podem não ser a mesma em que ocorreram, mas foi basicamente isso.

Alguns parágrafos depois, já com a boa sensação de que pelo menos eu fiz o mínimo, resolvi ir me divertir um pouco na cozinha. Quer dizer, eu já estava na cozinha, mas escrevendo e não me divertindo. Fui preparar os itens para o almoço, até porque alguém iria chegar da rua querendo comer um braço.

Havia comprado cenouras na Fazenda Constância de Orgânicos na semana passada [sujei meu tênis todo de lama andando na plantação] e logicamente o que vem acompanhado da cenoura fresquinha e colhida na hora: a rama da cenoura. Então, eu já estava de olho para fazer alguma receita com ela antes do amarelamento/apodrecimento, pois as partes verdes tendem ao rápido perecimento e hoje seria esse dia. A primeira coisa que veio a mente - desde que eu comprei a cenoura - foi uma omelete verde com as ramas e bastante cebolinha, mas fazendo uma rápida pesquisa sobre o tema hoje achei algumas instruções e sugestões valiosas no LaCucinetta, cuja dona, para minha satisfação voltou a ativa com os posts. A dica fundamental foi passar as folhas no processador para que fiquem bem picadas e mais palatáveis, uma vez que eu certamente iria incorrer no erro de picar grosseiramente.

Ocorre que ao catar as coisas na geladeira para começar o preparo, descobri uma abobrinha moribunda que se escondera no saco de batatas não tão no fundo assim da gaveta de vegetais [o que só prova que tenho visitado pouco essa gaveta]. Automaticamente ela, a abobrinha passou a prioridade zero na lista de ingredientes, logo, eu resolvi misturar tudo num suflê, servido com batata assada com bacon.

Triturei as folhas de cenoura no processador, ralei a abobrinha, resolvi ralar também uma cenoura, porque não, e um pedaço de queijo parmesão. Cozinhei as batatas, que ficaram ótimas, com dois dentes de alho, sal, pimenta rosa e algumas sementes de erva-doce. Batatas cozidas, ainda firmes e escorridas, ganharam uma boa quantidade de azeite, sal e alecrim fresco. Mexi bem na panela e arrumei-as em uma assadeira, de modo que ficassem com a casca para baixo e separadas. No fim salpiquei cubinhos de bacon sobre elas e coloquei no forno a 180ºC.

Os legumes do sufle estavam prontos e quando a batata estava quase lá eu comecei a quebrar os ovos [4 no total]. Gemas batidas com sal e pimenta para acrescentar à mistura de vegetais, aos quais ainda juntei uns cubos de queijo minas curado e claras numa tigela a parte para virarem neve. Depois foi só incorporar as claras em neve aos vegetais, dispor em um refratário e colocar no forno.

Quentinho, saudável, correto e delicioso.
Deste modo, tenho certeza que as ramas da cenoura foram bem aproveitadas e o almoço ficou bastante nutritivo e mais uma vez a abobrinha foi salva. O único senão foi que eu acho que acabei comendo demais, pois o suflê estava como deveria, com um aspecto e textura de leveza. Ah! E ninguém reclamou de estar comendo ramas de cenoura, pelo contrário; chegou pegou seu pedaço, deu uma garfada e comentou "É a parte verde da cenoura? É sim, tá ruim? Não tá bom, e dizem que tem muita vitamina, né?". Well done!

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