segunda-feira, 2 de abril de 2012

Ficaram feios? A batalha dos bolinhos.

Eu me peguei sendo uma boa cozinheira de muffins. Pior, eu tenho andado empolgada com a ideia de fazer muffins de vários tipos, com destaque para os com cara de comida natureba. Tenho recebido até pedidos de sabores!!! O fato é que as formas de silicone, outrora abandonadas na escuridão das gavetas de utensílios inúteis, estão sendo usadas como nunca imaginei que fossem. Confesso que sempre achei essa coisa de comida diminuta - vulgo finger food - um troço meio ridículo, fresco demais. Sem contar o aspecto moda culinária besta de gente que acha tudo fofo e colorido demais. Eu tenho uma certa repulsa - infundada, é bem verdade - em relação a sofisticação, elegância e estilo - me soa falso e pretensioso -, apesar de eu controlar minhas idiossincrasias e esquisitices.

Mas agora eu faço muffins. Bolinhos, cupcakes, como queiram, eles ficam bons e fazem bastante sucesso entre meus comensais. Os muffins são a única comida que eu espalho pelo mundo, ou seja, além de serem devorados em casa eu os levo pro trabalho, dou pros amigos e conhecidos e de alguma maneira é a minha face externa no que diz respeito á culinária. Através deles, pessoas que nem imaginavam que eu podia cozinhar descobrem mais esta faceta. Não que eu tenha muitas facetas, mas as que eu consegui desenvolver ao longo de todos esses anos não combinam muito entre si. De um jeito estranho as minhas escolhas não são muito ortodoxas e, apesar de eu achar que lido bem com isso, às vezes tenho a nítida impressão que sou movida a novidade. Começo projetos radicalmente novos muito empolgada e depois eles me entediam profundamente.
Os muffins que faço, mas esses não são de banana. Subi a foto errada.
Depois dessa ponta de reflexões pessoais, os muffins ainda esperam para ser assunto neste post. Mesmo sendo a mais nova entusiasta dos bolinhos, eu confesso não ter sido muito eclética quanto aos sabores - conto três sabores diferentes até agora. É quase o mesmo dilema que me acomete com as sopas, que tem uma versão consagrada que nos impele a não correr riscos desnecessários. Depois que eu fiz o segundo tipo de muffin de toda a minha existência, o de canela, que também foi a segunda vez que eu fiz muffins, eu meio que inventei um clássico doméstico com jeito e forma de insubstituível. Então eu tive que repetir a receita algumas vezes - duas para ser mais exata - quando a matéria era fazer muffins, pois muffins tornaram-se sinônimo de muffins de canela para os mais conservadores. [Só uma observação: uma das vantagem das experiência que estão no início é que você consegue saber quantas vezes elas aconteceram e contá-las com muito mais detalhes e isso vale para quase tudo o que é novidade]

Acontece que um belo dia, você está no clima de fazer muffins - o que não é muito incomum, só fica meio que em estado latente devido a falta de tempo - e já está se preparando para fazer o integral de cenoura que a sua amiga pediu para que você tentasse. O passo para arriscar um novo sabor já está dado pela necessidade de atender a um pedido que na verdade é a melhor maneira de provar que você realmente entende do negócio, mas aí você olha pro lado e vê as bananas. Bananas orgânicas, madurissímas, que, até mesmo por serem completamente agrotóxico free já estão com más intenções no que diz respeito ao excesso de maturação. Sinais do tempo atingem as bananas que não podem passar para o outro lado assim tão facilmente, não sob a minha vigilância. Solução: ir atrás de uma receita [de preferência integral] de muffins de banana, ou com banana.

Não procurei muito, porque tenho andado com o tempo quase contado e não estou me dando ao luxo de fazer grandes exigências exploratórias em buscas infindáveis. Só para se ter uma ideia, eu não leio meu feed a mais de uma semana e dessa vez nem fui nas minhas fontes favoritas de receitas procurar meticulosamente por aquela que me parecesse mais coerentemente [lembrando que o meu conceito de coerência pode não ser dos mais confiáveis] perfeita para meus propósitos. Mas às vezes o universo pode conspirar a seu favor - mesmo quando você não está nos seus dias de maior empenho - e é de onde menos você espera que sai uma grata surpresa.

A muito tempo, desde que eu comecei a me julgar uma cozinheira um pouco mais exigente [sem ser esnobe], eu não fazia uma receita do Cybercook. Enquanto no início o site é quase bibliografia de referência, com o tempo o posto de fonte incontestável vai caindo por terra, porque as receitas começam a parecer simples demais e com um apelo incômodo à facilidade demasiada. Mas isso não é nenhuma exclusividade de minha mente insana, pois percebo em outros  foodblogs que essa rota é quase única nesse universo. Muitos começam a cozinhar com base em sites toscos e com receitas de gosto duvidoso [aquelas com panela de pressão] e depois cruzam a linha que as leva a livros e pesquisas mais teóricas e conceituais sobre comida. Tudo bem que muitos ficam com suas coisas que "sempre foram feitas em um jeito que funciona e que nem é tão complicado", mas são adaptadas sem pudores para a pretensa facilidade do "liquidificador" - é como nascem as aberrações culinárias.

Entretanto esses muffins, que são muito acima da média, diga-se de passagem, são filhos do Cybercook, um site que sem dúvida não perde em quantidade - zilhões de receitas - mas no qual é preciso ter um pouco de discernimento para separar o que é cozinhável daquilo que é receita de tia ou ainda daquilo que se vende pela praticidade extrema [isso sempre vem com o espólio da comida esquisita]. O link para a receita é esse: http://cybercook.terra.com.br/receita-de-muffin-integral-de-banana.html?codigo=11099 e o Cybercook me trouxe boas recordações do tempo em que eu achava que tudo o que eu precisava estava ali. Esse tempo foi embora depois de um fiasco com um bolo de beterraba, o que eu nem sei se é culpa do pobre site de culinária.

Enquanto os muffins estavam no forno, já quase prontos, apareceu na cozinha o meu partner nas histórias de cozinha. Olhou um pouco para dentro do forno e "pensou" alto: "Ficaram feios? Porque assim você deixa eles aqui em casa e eu posso comer mais." E este é o fim - literalmente - meu companheiro torcendo por bolinhos feios para que ele não precise disputá-los a tapa com o pessoal do trabalho. Resoluções de fim de post:
  • Preciso investir em mais forminhas de muffins - tagged as urgente. Done!
  • Tenho que arrumar forças para fazer duas receitas, depois de cumprir a primeira exigência.
  • Talvez me esforce um pouquinho para fazer muffins tortinhos e levemente desfigurados, de modo a tornar a olhada no forno das gentes mais feliz.
[Updated em 23/04/2012]: Este espaço vem perdendo a função de ser um guia pessoal para receitas repetíveis, pois tenho entrado aqui atrás das anotações das receitas e... Não tem anotação, fico com dúvidas a respeito de várias coisas. Então vou fazer essa pequena atualização: 
  • a xícara utilizada foi a grande com capacidade para 250ml
  • utilizei um pouco de melado para dar um sabor
  • utilizei apenas um quarto de xícara de óleo e acho até que pode ser menos
  • as bananas estavam dulcíssimas, fiz bem em guardá-las até o último momento
  • 1 xícara e 1/3 de banana são aproximadamente 2 bananas e meia [ou seja a receita pede para ser dobrada.]
  • fiz uma pequena substituição acrescentando um pouco de fibra de trigo na medida da aveia, menos de um quarto de xícara
Outras notas amenas e descontraídas que não tem nada a ver com a receita, mas me trará uma boa lembrança desse dia no futuro:
  • tive que buscar o comedor de bolinhos compenetrado que estava no trabalho pra experimentar
  • quando ele chegou na cozinha já perguntou se tinha algum feio
  • esses bolinhos me foram encomendados por uma amiga
  • mas só disse isso a ele depois que tinha comido o quanto queria
  • porque já tava parecendo que ele era o preterido dos bolinhos
  • a encomenda, ainda bem, está a salvo
  • até porque eram de apenas dois bolinhos
  • amanhã levarei para o destinatário

Nenhum comentário:

Postar um comentário