sábado, 26 de novembro de 2011

Pão com abas: pão de aveia em formato de cogumelo

Precisava de um pão hoje. Não necessariamente para comer, mas para amassar. Com minha nova rotina alimentar - a qual vai muito bem, obrigada - acabo não comendo tanto pão e, consequentemente, fazendo-os com menos frequência do que gostaria. Mas hoje não. Eu precisava de um pão.
Olha o pão.


Outro fator que inibia um pouco a panificação nesta casa, era o carregamento exagerado de pães de forma que meu querido companheiro trazia para casa a cada ida no mercado, justificável apenas em caso de uma guerra nuclear ou da fobia da falta de pão. Tudo bem, moramos longe de qualquer coisa que se pareça com o mercado. A padaria mais próxima fica a 30 minutos de uma caminhada pela estrada, o que faz com que  o planejamento das compras leve em conta algum estoque de itens básicos. Apesar disso, comprar dois pacotes de pão quanto ainda tem um fechado em casa é um pouco demais. Com tanto pão pronto não sobrava muito espaço para fazer mais deles sob o risco de estragar ou comermos de modo não muito educado.

Então, pedi a ele que não comprasse mais pão, porque eu ia fazer um para esse fim de semana, tanto para colocar mais grãos integrais no café da manhã [pois é, o pão nosso de cada dia é branquinho, branquinho] quanto para poder finalmente, depois de tanto tempo e um fracasso com um pão de centeio que ficou meio pedrinha, amassar alguma coisa.

Estava inclinada a produzir umas broas de milho que vi no La Cucinetta, que por sua vez, viu no Come-se [site incrível] até ler meu feed ontem e dar de cara com essa pão de aveia. Parecia perfeito e com a descrição ideal para as minhas pretensões de substituir o pão branco: era um pão fofo. Ainda relutei hoje cedo sobre qual pão seria dessa vez, mas optei pelo de forma quadradão como há muito eu não fazia.

Fiz algumas substituições na receita, porque não tinha melado [troquei por mel] e quis usar um pouco de farelo de trigo [30 ou 50 gramas]. Além disso, a farinha integral não deu. Fui jogando ela na balança e vendo o pote ficar mais vazio, mais vazio, o ponteiro da balança descendo e eu apelando para os deuses culinários e torcendo pela multiplicação da farinha. Em vão. Ficaram faltando 50 gramas que completei com centeio.

Todo o processo correu bem e fiz o pão com certa tranquilidade, exceto pelo shape final. Na medida em que fui colocando os ingredientes para a mistura via a coisa ficar meio embaçada: quanta farinha! Não pensei nisso no início, porque às vezes [quase sempre] sou meio cabeçuda e não leio as receitas até o final. Vou pegando tudo e fazendo ao mesmo tempo, quase sempre sem mis en place [tanto que faltou farinha].

Amassei com o método de Bertinet [meu padeiro favorito ever]. Deixei fermentar e modelei, não sem sofrer um pouco com a malemolência da massa. Com o rolo pronto, percebi da pior maneira que teria que encaixar o Rio de Janeiro em Niterói, como se diz por aqui. Coloquei a massa pra dentro da formas, mas ela ficou espremida e meio sem jeito, como quem viaja de avião nessas companhias mequetrefes que temos a nossa disposição. Deixei pra lá e paguei pra ver.

O formato de cogumelo
Depois de assado ele ficou ótimo no sabor mas estranho no formato. Parecia um cogumelo deformado, mas um cogumelo engraçado, convenhamos [vou postar a foto pra comprovar, assim que a câmera carregar]. A parte que cresceu para fora da forma não conseguiu se sustentar e deu uma caída pelas laterais. Tendi, nos primeiros estágios de forno, a achá-lo parecido com o pão do homem-elefante, mas na verdade acho que ele ficou mesmo foi com duas abas perfeitas para transporte. Tudo isso não tirou seu mérito de pão relativamente fácil [acho que com uma batedeira iria ser completamente fácil] e gostoso.
Pão com abas.

E com manteiga.

O pão ficou enorme e um pouco massudo na parte de baixo, pois o pobre coitado não teve espaço e força para expandir na forma diminuta. Ainda assim, não ficou duro ou denso demais, mas sim com uma textura daquelas que enche a boca e com um docinho absurdamente bom. Testado, aprovado com méritos e com a exigência de uma repetição sem o aperto da primeira tentativa. E fica muito bom torrado também.

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