Vê se a padaria faz igual? |
Com casquinha quebradiça. |
Já havia tentado produzir pães franceses em casa algumas vezes, mas por uma série de fatores não obtive resultados que satisfizessem o meu paladar. E digo isso não apenas por uma questão de ser muito exigente - o que sou, principalmente quando quem vai pra cozinha sou eu - mas porque todos os pães desse estilo tentados anteriormente não superavam o das padarias medianas que existem por aí aos montes, nos vendendo misturas prontas de empresas de caráter duvidoso com água.
Em pensar que nesse dia, quarta feira de cinzas, quase desisti de fazer pão porque eu estava bastante estabanada. Máquina de destruição em massa style. Enquanto fazia os gingersnaps deixei várias paradas caírem, sujei muito mais louça do que o necessário porque ia fazendo tudo meio truncado. Depois que acabei a massa dos biscoitos, pensei em não tentar pão nesse dia e fui estender roupas. O que aconteceu? O varal de chão desmontou todo, porque o pino que segurava as coisas no lugar voou para longe. Eu, bem, eu fiquei lá toda contorcida com uma trouxa de roupa numa mão e o varal quebrado na outra sem saber como equacionar o problema de não deixar a roupa cair no chão segurando todos os arames do varal para que ele não se desfizesse por completo. Cena de pastelão total, porque eu tava tão avoada que não pensei no óbvio: largar o varal, que devido a teimosia enroscou no meu dedo, e colocar a trouxa de roupa em outro lugar. Não fiquei eu lá toda torta tentando sabe lá como salvar todas as coisas juntas.
Dito isso, não porque eu insisti em fazer pão, mas ainda bem que tive coragem. Na verdade acho que estranhamente fui fazer pão francês porque não queri tentar um pão com muitos ingredientes, o que considerei como difícil depois dos acontecimentos do dia. Só que, apesar de levar praticamente apenas farinha, fermento e água, esse é um tipo de pão complicado para se reproduzir em casa [vide as minhas outras tentativas frustradas]. A massa é complicada, a modelagem idem e o forneamento nem se fala. Não sei onde estava com a cabeça quando resolvi isso, mas de fato, foi uma escolha feliz, já que a quantidade reduzida de ingredientes e uma receita pronta para se seguir à risca [nada de invencionices] tornaram tudo mais fácil.
Receita da Ana Elisa, retirada do Professional Baking não tem como dar errado mesmo. Embora, também posso considerar que o aumento gradativo da minha experiência com pães me ajudou a chegar no ponto correto desse aqui. Primeiro porque a quantidade de líquido da receita já não me assusta mais, tampouco a textura melequenta da massa que faz você duvidar que vai ficar modelável. Se fosse em outras épocas a minha confiança de que aquilo iria ficar homogêneo e se transformar em uma bola lisa e macia era zero e a solução seria tacar farinha na bicha. Motivo pelo qual a panificação doméstica é o lar dos pães pesados, massudos e com gosto de fermento. Fermento é outro ponto importante, já que qualquer receita da Ana Maria Braga e companhia não leva menos do que 50 gramas de levedura fresca - exagero total para a maioria dos pães. É sempre preferível dosar o fermento para menos e aumentar o tempo de fermentação para garantir que o processo seja concluído e não deixe resíduos no gosto do pão.
A receita é essa aqui. Não tão complicada, exceto pela sova, que deu um pouco de trabalho e exigiu uma dose extra de paciência. Não foi problema, porque ainda me divirto sovando pão e trabalhando com as mãos. Mais um perrenguinho na hora de modelar porque a massa ficou mais úmida do que o esperado e grudou um pouco nas mãos, nada que farinha não resolvesse. E, todas as mandigas conhecidas para fazer vapor suficiente no forno de casa. Pão pronto e deliciosamente degustado ainda quente, só faltou mesmo uma assadeira apropriada pra ficar igualzinho ao da padaria.
No dia seguinte ele ainda estava muito macio e leve e mesmo feito tostado na sanduicheira ficou uma beleza.
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