Bolo perfeito!!! |
Não havia, nenhum motivo aparente para eu ter ficado daquele jeito, além de eu poder contar nos dedos as vezes que fico doente - exceção aqui aos dias de indisposição pura e preguiçosa. O que me leva a única explicação [completamente lógica] plausível para isso ter acontecido comigo: uma punição. As forças natalinas ocultas [e conservadoras] estavam me castigando porque eu blasfemei e comi pizza na noite de Natal.
Sem ter o que fazer e com as ideias "zuadas" pela falta de discernimento que só um congestionamento nasal pode provocar, fui deitar um pouco no início da tarde e acabei caindo no sono. Foi o que bastou para melhorar um pouco a minha disposição e, principalmente o meu humor, que eram praticamente nulos até então. Entretanto, nada que me levasse cheia de entusiasmo a planos culinários radicais - nem sempre tão bons assim - ou sequer a "bater um simples bolinho". O que dizer então de um que eu nunca havia feito e que tem um milhão de fatores que podem fazê-lo desandar? Coragem, mulher, coragem! E um pequeno incentivo...
"Tá com fome?"
"Um pouco. Quer café?"
"Pode ser. Com torrada?"
"Você não tá afim de fazer um bolo, não?"
Não resisti. Venho protelando o bolo daqui de casa a algumas semanas, por pura falta de vontade de fazer um. Entretanto, bolo é uma coisa muito séria para o ser que divide esta casa comigo. Tanto, que é se alguém perguntar qual é a comida que ele mais gosta é bem capaz dele responder: bolo. Ele não dispensa nem bolo solado - tipo biscoitão - come de todos os tipos e sabores, preferencialmente os fofos e bem areados. A cobrança pelo bolo estava intensa, mas eu estava, estrategicamente, esperando que a visita a casa da mãe na semana passada aplacasse a abstinência temporária do menino. Nada feito! Só pra contrariar toda a lógica de visitas maternas, o bolo não aconteceu e nem um pote gigante cheio de quadradinhos fofos de fubá veio parar aqui em casa como costuma a acontecer.
Deste modo, o sujeito estava, como a Briget Jones, no limite da razão e proferiu estas belas palavras: "Nada do que meu estômago queria eu consegui comer hoje". Diante de tamanha frustração gástrica eu não tive muita escolha, embora tenha deixado claro que ele tem que parar que ficar me obrigando a fazer bolo. Ao que ele respondeu: "Eu não obrigo, eu só peço... Insistentemente."
Fui então para a cozinha, já no fim da tarde para preparar esse Angel Food Cake que a minha curiosidade culinária descobriu recentemente. Nada como acesso a internet para ampliar os horizontes da cozinha, pois eu nem sabia que essa receita existia, apesar dela ser um clássico. Mesmo sem ter pesquisado, desconfio que esse bolo tenha sido inventado por alguém que tinha claras sobrando, já que nada justifica você usar nove claras para assar um bolo [que se consegue com farinha, leite, ovos, açúcar e manteiga] se as gemas já não tiverem sido usadas em outra coisa. No meu caso não foi diferente, eu tinha todo o espólio do sorvete de baunilha e mais algumas que sobraram de um molho de macarrão. Daí que eu só pensava em usá-las nesse bolo e fui atrás da informação completa. Usei a receita que achei no La Cucinetta, substituindo apenas o cremor tártaro por vinagre, já que não tinha esse ingrediente em casa.
Foram muitos os preparativos, porque como parecia ter muita coisa pra dar errado eu não arrisquei ir pegando os ingredientes e fazendo tudo ao mesmo tempo. Ainda assim esqueci de separar a manteiga e fui pegá-la já com as claras na batedeira, toda enrolada pra pesar e colocar pra derreter, por sorte, no microondas. Peneirei os secos; pesei as claras e, desnecessariamente, acrescentei mais uma [me confundi com as quantidades da receita e fiquei pensando que eram 292 gramas quando na verdade eram 252]; cortei - igual a minha cara - o papel manteiga para forrar o fundo da forma e comecei a fazer o bolo propriamente dito. Massa - se é que uma coisa tão leve pode ser chamada assim - na forma, forma no forno e muita expectativa pra ver se ia dar tudo certo, até porque depois de tanta insistência fazer um bolo que desse errado não era opção. Mas sente o drama: o bolo é feito praticamente todo de clara de ovo, com apenas meia colher de chá de fermento, vai na forma sem untar para poder crescer e tem que esfriar de cabeça pra baixo. Nem nos meus mais absurdos sonhos culinários eu bolaria uma coisa assim.
Meia hora depois, o bolo estava esfriando com a forma virada sobre a grade ou como foi carinhosamente denominado aqui em casa, estava na caminha do bolo. Uma hora depois fui retirar ele da forma e estava perfeito, cheirando a baunilha e bastante uniforme na cor e no formato. Uma fatia depois e uma grata surpresa, pois o bolo era muito leve e fofo, que não nos permite fazer outra imagem a não ser a de estar comendo uma nuvem levemente esponjosa. Obviamente, descobri que ele tem um péssimo custo-benefício, sobretudo com um bolo-maníaco em casa, pois é uma delícia e você come e nem sente, logo, não durou 24 horas para acabar. Donde se conclui: fiquei só um dia sem a voz que pede bolos no meu ouvido.
"Tá com fome?"
"Um pouco. Quer café?"
"Pode ser. Com torrada?"
"Você não tá afim de fazer um bolo, não?"
Não resisti. Venho protelando o bolo daqui de casa a algumas semanas, por pura falta de vontade de fazer um. Entretanto, bolo é uma coisa muito séria para o ser que divide esta casa comigo. Tanto, que é se alguém perguntar qual é a comida que ele mais gosta é bem capaz dele responder: bolo. Ele não dispensa nem bolo solado - tipo biscoitão - come de todos os tipos e sabores, preferencialmente os fofos e bem areados. A cobrança pelo bolo estava intensa, mas eu estava, estrategicamente, esperando que a visita a casa da mãe na semana passada aplacasse a abstinência temporária do menino. Nada feito! Só pra contrariar toda a lógica de visitas maternas, o bolo não aconteceu e nem um pote gigante cheio de quadradinhos fofos de fubá veio parar aqui em casa como costuma a acontecer.
Deste modo, o sujeito estava, como a Briget Jones, no limite da razão e proferiu estas belas palavras: "Nada do que meu estômago queria eu consegui comer hoje". Diante de tamanha frustração gástrica eu não tive muita escolha, embora tenha deixado claro que ele tem que parar que ficar me obrigando a fazer bolo. Ao que ele respondeu: "Eu não obrigo, eu só peço... Insistentemente."
Fui então para a cozinha, já no fim da tarde para preparar esse Angel Food Cake que a minha curiosidade culinária descobriu recentemente. Nada como acesso a internet para ampliar os horizontes da cozinha, pois eu nem sabia que essa receita existia, apesar dela ser um clássico. Mesmo sem ter pesquisado, desconfio que esse bolo tenha sido inventado por alguém que tinha claras sobrando, já que nada justifica você usar nove claras para assar um bolo [que se consegue com farinha, leite, ovos, açúcar e manteiga] se as gemas já não tiverem sido usadas em outra coisa. No meu caso não foi diferente, eu tinha todo o espólio do sorvete de baunilha e mais algumas que sobraram de um molho de macarrão. Daí que eu só pensava em usá-las nesse bolo e fui atrás da informação completa. Usei a receita que achei no La Cucinetta, substituindo apenas o cremor tártaro por vinagre, já que não tinha esse ingrediente em casa.
Foram muitos os preparativos, porque como parecia ter muita coisa pra dar errado eu não arrisquei ir pegando os ingredientes e fazendo tudo ao mesmo tempo. Ainda assim esqueci de separar a manteiga e fui pegá-la já com as claras na batedeira, toda enrolada pra pesar e colocar pra derreter, por sorte, no microondas. Peneirei os secos; pesei as claras e, desnecessariamente, acrescentei mais uma [me confundi com as quantidades da receita e fiquei pensando que eram 292 gramas quando na verdade eram 252]; cortei - igual a minha cara - o papel manteiga para forrar o fundo da forma e comecei a fazer o bolo propriamente dito. Massa - se é que uma coisa tão leve pode ser chamada assim - na forma, forma no forno e muita expectativa pra ver se ia dar tudo certo, até porque depois de tanta insistência fazer um bolo que desse errado não era opção. Mas sente o drama: o bolo é feito praticamente todo de clara de ovo, com apenas meia colher de chá de fermento, vai na forma sem untar para poder crescer e tem que esfriar de cabeça pra baixo. Nem nos meus mais absurdos sonhos culinários eu bolaria uma coisa assim.
Dressing Angel com calda caseira de cerejas. |
Meia hora depois, o bolo estava esfriando com a forma virada sobre a grade ou como foi carinhosamente denominado aqui em casa, estava na caminha do bolo. Uma hora depois fui retirar ele da forma e estava perfeito, cheirando a baunilha e bastante uniforme na cor e no formato. Uma fatia depois e uma grata surpresa, pois o bolo era muito leve e fofo, que não nos permite fazer outra imagem a não ser a de estar comendo uma nuvem levemente esponjosa. Obviamente, descobri que ele tem um péssimo custo-benefício, sobretudo com um bolo-maníaco em casa, pois é uma delícia e você come e nem sente, logo, não durou 24 horas para acabar. Donde se conclui: fiquei só um dia sem a voz que pede bolos no meu ouvido.
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