sábado, 3 de dezembro de 2011

Almoço ou trabalho do mestrado? Gratinado de batata baroa

Eu perdi esse post inteiro por causa do teclado do computador. Será que eu começo tudo de novo? Tava tão pessoal e filosófico, que de repente eu perdi por um desígnio dos deuses para que tudo isso não ficasse pra posteridade. Pelo menos não perdi o trabalho que tenho que entregar.

Mas vamos, lá. Recapitulando o que eu lembrar.

Estou numa fase em que tenho um monte de coisas para fazer e pouca vontade de fazer o que devo, mesmo sabendo que é preciso. Fazer o quê! Não estou com paciência para ficar escrevendo um trabalho inteiro com o balanço da minha pesquisa de mestrado enquanto o mundo gira lá fora. Embora eu esteja aqui, nesse momento, escrevendo [e tudo de novo], um trabalho acadêmico não é algo em que se possa exercitar todo o seu potencial criativo, e essa constipação literária não me deixa muito muita margem para minha empolgação com a escrita.

O fato é que eu tenho lidado com isso de uma maneira mentalmente saudável. Não deixar tudo para a última hora e traçar pequenas metas para serem cumpridas diariamente tornam esse esforço um pouco menos sacrificante, garantindo a sobrevivência dos meus neurônios e da minha paciência. Exatamente como aconteceu com os trabalhos finais das disciplinas no meio do ano, durante esse processo eu fico mais reflexiva, mais atenta às coisas ao meu redor e um pouquinho mais criativa, mesmo que essas experimentações não possam ser utilizadas no trabalho do que vale nota. [É o fim dos tempos ser adulto e pensar no "trabalho que vale nota". Veja bem, eu disse "nota"].

Então hoje de manhã lá fui eu para a frente do computador dissertar sobre as minhas pretensões acadêmicas, quando tudo o que importa é o que você vai fazer para acabar essa joça no prazo. Ossos do ofício, do qual eu reclamo mas gosto. É bom poder ter pensamentos fora da caixa, ler o mundo de uma maneira um pouco menos óbvia e ser, às vezes irritantemente, desconfiada de tudo o que tem na aparência das coisas. O que acarreta um invariável pessimismo, do qual eu tendo a achar graça para não chatear os outros com minhas esquisitices, e uma ponta de sofrimento por achar que, como diria um grande amigo meu, "a humanidade é uma causa perdida". Acho que não irei esquecer desse ano de disciplinas do mestrado da fala de uma professora no final de uma aula sobre A dialética do esclarecimento e A indústria cultura do Adorno e do sempre esquecido Horkheimer [escrevi esse nome certo pela primeira vez, que orgulho! Fui no Google conferir e era assim mesmo], que era mais ou menos assim:

Professora: O fato é o nosso suposto desejo de ter um produto é na verdade apenas uma ideia criada pela industria cultural para inculcar esse desejo em nossa cabeça. A indústria cultural é uma face da necessidade que as corporações têm de nos fazer acreditar que a nossa escolha é individual e exclusiva, quando ela é apenas fruto desse padrão criado para que nós continuemos consumindo sempre e mais. [Essa fala é uma anotação de memória, que está sendo anotada de novo, então pode não ser exatamente assim que a coisa foi dita]

Professora: Então é isso gente, obrigada até semana que vem, vamos todos lá agora consumir coisas e fazer exatamente aquilo que discutimos hoje.

Ao que eu respondo: Pelo menos eu sei disso. Sei que estarei sendo alienada.

Já que não se tem escolha, a melhor maneira de participar desse jogo é sabendo como ele funciona e tentando minimizar a sua contribuição para que ele siga em frente. Por vezes me encontro proferindo a célebre frase: "A ignorância é uma benção!". Mas, de fato, não creio nisso e penso que se existe a impossibilidade da mudança, a consciência pelo menos redime um pouco da frustração.

Acho que perdi o texto até aqui e, agora que o recuperei do meu próprio HD movido a carboidrato, chego a conclusão que:

1. Minha memória é boa. Consegui escrever ele quase na íntegra de novo. Donde: Cérebro humano 1 X 0 HD artificial.
2. Minha paciência, tolerância e resignação estão em níveis elevados. Eu poderia ter desistido de escrever, ou amaldiçoado para todo o sempre o meu computador, mas não, eu comecei tudo de novo.
3. Eu tô com um caboclo escriba no corpo hoje. Estou desde de manhã escrevendo e só parei para fazer o almoço.
4. Eu gosto mesmo de manter esse blog. E isso me deixa feliz!
5. Minha estratégia para terminar o trabalho que é obrigação está dando certo. Meu tempo controlado me permitiu escrever - DUAS VEZES - o mesmo post.

Mas eu vim aqui falar do almoço, que além de ser rápido, prático e cheio de lições de aproveitamento dos vestígios de refeições passadas, também caiu muito bem com uma salada básica de alface e tomate da horta. Nada mais nada menos do que um gratinado de batata barôa [ou mandioquinha], com um molho de creme de leite, atum, alho poró e um restinho de salada de cenoura.

O queijo ficou mais branco do que se esperava.


O que eu fiz foi fatiar a batata barôa em rodelas tipo chips [o que me custou um corte no dedo por causa daquele maldito ralador/fatiador de R$ 1,99]. Depois misturei uma lata de creme de leite [e foi-se embora mais um item do meu armário que como já disse hoje aos que me acompanham só voltará em fevereiro quando estivermos curados da ressaca nababesca das "Festas"], uma lata de atum e um restinho de salada de cenoura, tomates cereja cortados, azeitona, damasco, passas brancas e ervilhas [se eu não estiver em casa o resto de qualquer coisa que lembre salada permanece inalterado nos recônditos frios da geladeira]. Temperei com shoyu e mostarda Dijon [ganhei esse pote de mostarda Dijon e fiquei muito contente]. Untei um refratário e fui montando uma camada de molho, batata barôa e molho [vezes 3]. Joguei algumas rodelas por cima, preenchi os espaços com lascas de atum e finalizei com uma boa porção de queijo parmesão roots [comprado no tio da Delicatessen e que não tem marca]. Forno por um bom tempo, pois a batata tem que cozinhar e pronto.

Só comer e ficar feliz de ter uma coisa com creme de leite pra mastigar. Esse foi o pensamento do meu querido companheiro que me brindou, mais uma vez, com um de seus comentários indefectíveis: "Tirando o grão-de-bico, tá ótimo". Seria um elogio bacana, se... Alguém viu grão-de-bico em algum lugar nesse post? Pois é, ele viu na latinha, ontem, junto com o os outros itens das compras.

Esse é o típico prato da cozinha efetiva, permite que você coma bem e faça seu trabalho de mestrado quase ao mesmo tempo.

Esperem só pelo episódio do ovo grudê. Coming soon.

Nenhum comentário:

Postar um comentário