Mas vamos, lá. Recapitulando o que eu lembrar.
Estou numa fase em que tenho um monte de coisas para fazer e pouca vontade de fazer o que devo, mesmo sabendo que é preciso. Fazer o quê! Não estou com paciência para ficar escrevendo um trabalho inteiro com o balanço da minha pesquisa de mestrado enquanto o mundo gira lá fora. Embora eu esteja aqui, nesse momento, escrevendo [e tudo de novo], um trabalho acadêmico não é algo em que se possa exercitar todo o seu potencial criativo, e essa constipação literária não me deixa muito muita margem para minha empolgação com a escrita.
O fato é que eu tenho lidado com isso de uma maneira mentalmente saudável. Não deixar tudo para a última hora e traçar pequenas metas para serem cumpridas diariamente tornam esse esforço um pouco menos sacrificante, garantindo a sobrevivência dos meus neurônios e da minha paciência. Exatamente como aconteceu com os trabalhos finais das disciplinas no meio do ano, durante esse processo eu fico mais reflexiva, mais atenta às coisas ao meu redor e um pouquinho mais criativa, mesmo que essas experimentações não possam ser utilizadas no trabalho do que vale nota. [É o fim dos tempos ser adulto e pensar no "trabalho que vale nota". Veja bem, eu disse "nota"].
Então hoje de manhã lá fui eu para a frente do computador dissertar sobre as minhas pretensões acadêmicas, quando tudo o que importa é o que você vai fazer para acabar essa joça no prazo. Ossos do ofício, do qual eu reclamo mas gosto. É bom poder ter pensamentos fora da caixa, ler o mundo de uma maneira um pouco menos óbvia e ser, às vezes irritantemente, desconfiada de tudo o que tem na aparência das coisas. O que acarreta um invariável pessimismo, do qual eu tendo a achar graça para não chatear os outros com minhas esquisitices, e uma ponta de sofrimento por achar que, como diria um grande amigo meu, "a humanidade é uma causa perdida". Acho que não irei esquecer desse ano de disciplinas do mestrado da fala de uma professora no final de uma aula sobre A dialética do esclarecimento e A indústria cultura do Adorno e do sempre esquecido Horkheimer [escrevi esse nome certo pela primeira vez, que orgulho! Fui no Google conferir e era assim mesmo], que era mais ou menos assim:
Professora: O fato é o nosso suposto desejo de ter um produto é na verdade apenas uma ideia criada pela industria cultural para inculcar esse desejo em nossa cabeça. A indústria cultural é uma face da necessidade que as corporações têm de nos fazer acreditar que a nossa escolha é individual e exclusiva, quando ela é apenas fruto desse padrão criado para que nós continuemos consumindo sempre e mais. [Essa fala é uma anotação de memória, que está sendo anotada de novo, então pode não ser exatamente assim que a coisa foi dita]
Professora: Então é isso gente, obrigada até semana que vem, vamos todos lá agora consumir coisas e fazer exatamente aquilo que discutimos hoje.
Ao que eu respondo: Pelo menos eu sei disso. Sei que estarei sendo alienada.
Já que não se tem escolha, a melhor maneira de participar desse jogo é sabendo como ele funciona e tentando minimizar a sua contribuição para que ele siga em frente. Por vezes me encontro proferindo a célebre frase: "A ignorância é uma benção!". Mas, de fato, não creio nisso e penso que se existe a impossibilidade da mudança, a consciência pelo menos redime um pouco da frustração.
Acho que perdi o texto até aqui e, agora que o recuperei do meu próprio HD movido a carboidrato, chego a conclusão que:
1. Minha memória é boa. Consegui escrever ele quase na íntegra de novo. Donde: Cérebro humano 1 X 0 HD artificial.
2. Minha paciência, tolerância e resignação estão em níveis elevados. Eu poderia ter desistido de escrever, ou amaldiçoado para todo o sempre o meu computador, mas não, eu comecei tudo de novo.
3. Eu tô com um caboclo escriba no corpo hoje. Estou desde de manhã escrevendo e só parei para fazer o almoço.
4. Eu gosto mesmo de manter esse blog. E isso me deixa feliz!
5. Minha estratégia para terminar o trabalho que é obrigação está dando certo. Meu tempo controlado me permitiu escrever - DUAS VEZES - o mesmo post.
Mas eu vim aqui falar do almoço, que além de ser rápido, prático e cheio de lições de aproveitamento dos vestígios de refeições passadas, também caiu muito bem com uma salada básica de alface e tomate da horta. Nada mais nada menos do que um gratinado de batata barôa [ou mandioquinha], com um molho de creme de leite, atum, alho poró e um restinho de salada de cenoura.
O queijo ficou mais branco do que se esperava. |
O que eu fiz foi fatiar a batata barôa em rodelas tipo chips [o que me custou um corte no dedo por causa daquele maldito ralador/fatiador de R$ 1,99]. Depois misturei uma lata de creme de leite [e foi-se embora mais um item do meu armário que como já disse hoje aos que me acompanham só voltará em fevereiro quando estivermos curados da ressaca nababesca das "Festas"], uma lata de atum e um restinho de salada de cenoura, tomates cereja cortados, azeitona, damasco, passas brancas e ervilhas [se eu não estiver em casa o resto de qualquer coisa que lembre salada permanece inalterado nos recônditos frios da geladeira]. Temperei com shoyu e mostarda Dijon [ganhei esse pote de mostarda Dijon e fiquei muito contente]. Untei um refratário e fui montando uma camada de molho, batata barôa e molho [vezes 3]. Joguei algumas rodelas por cima, preenchi os espaços com lascas de atum e finalizei com uma boa porção de queijo parmesão roots [comprado no tio da Delicatessen e que não tem marca]. Forno por um bom tempo, pois a batata tem que cozinhar e pronto.
Só comer e ficar feliz de ter uma coisa com creme de leite pra mastigar. Esse foi o pensamento do meu querido companheiro que me brindou, mais uma vez, com um de seus comentários indefectíveis: "Tirando o grão-de-bico, tá ótimo". Seria um elogio bacana, se... Alguém viu grão-de-bico em algum lugar nesse post? Pois é, ele viu na latinha, ontem, junto com o os outros itens das compras.
Esse é o típico prato da cozinha efetiva, permite que você coma bem e faça seu trabalho de mestrado quase ao mesmo tempo.
Esperem só pelo episódio do ovo grudê. Coming soon.
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