Esse sorvete - na verdade frozen yogurt, mas falar sorvete é mais fácil - sobre o qual estou escrevendo só hoje foi feito com a tal da calda de amora que resultou de uma tentativa mal-fadada de fazer geleia. Já tem algum tempo que fiz o sorvete, e ele já até acabou, mas vale um post porque ficou saboroso e completamente modelável, ou seja, fazendo uma bola lindona [que ficaria perfeita se eu tivesse uma colher de sorvete, shame on me!] sem cristais de gelo e com uma textura macia assim que sai do freezer - não fica durão daquele jeito que a colher não entra e tem que esperar um pouquinho antes de comer. Com sabor azedo característico das amoras e, principalmente, sem gosto de gordura hidrogenada melequenta do sorvete 2 litros do mercado. Para uma primeira vez com sorvetes caseiros me dei foi muito bem, porque meu frozen saiu melhor do que sorvete comprado pronto.
A única questão na preparação dessa receita é que eu não disponho de uma sorveteira, uma espécie de tigela gelada que vai mexendo a massa do gelato enquanto ele congela. Com isso, a traquitana evita que cristais de gelo se formem antes do sorvete ficar pronto, já que a água congela primeiro que a gordura, comprometendo a textura do produto final.
Sem a sorveteira os processos parecem propaganda antiga de companhia aérea: gela um pouquinho, bate um pouquinho, e volta pro congelador. Você tem que ficar tomando conta do sorvete, então foi preciso tempo e o auxílio de um equipamento valioso: um relógio com timer. Usei meu relógio de pulso, que descobri ter uma função a mais do que ver as horas - e até apita - para marcar a hora de ir lá bulinar os cristais de gelo do sorvete para que eles se desfizessem e não atrapalhassem o congelamento das coisas. Não que seja trabalhoso, mas exige vigilância e um pouco de paciência, não dá pra colocar no freezer e sair de casa, por exemplo.
Pesquisei bastante na internet sobre sorvetes caseiros e acabei usando uma receita simples levemente adaptada. Não tinha tanto iogurte assim e usei a calda de amora para dar sabor no lugar da baunilha. Deixei gelando de um dia para o outro e coloquei no freezer e retirei para bater quatro vezes. Nas duas primeiras depois de 30 minutos e nas duas últimas depois de uma hora.
Depois de um resultado de sucesso quero comprar baunilha para fazer um sabor clássico e mesmo contrariando o que falei no post anterior sobre tralhas de cozinha monotarefa, já penso em comprar uma sorveteira. Como acredito que sempre arrumamos argumentos perfeitamente plausíveis e racionais quando queremos alguma coisa, mesmo que a coisa seja absurda, tem uma lógica nessa história de comprar um equipamento que só faz sorvete. Primeiro porque o sabor do sorvete caseiro realmente é bem melhor do que o industrializado, com a vantagem de você saber todos os ingredientes que vão nele. Depois porque não faz só sorvete não, faz frozen, sherbet, sorbet, bebidas..., etc, etc, etc. Essa é daquelas desculpas toscas incapaz de convencer a você mesmo de algo, mas que só quem gosta de alguma coisa de uma maneira não muito normal é capaz de formular.
Meu bom senso ainda está em dia e antes de decidir a compra vou ter que fazer mais sorvete para ver se realmente é algo que eu vou querer manter. Até porque toda vez que via receita de sorvete não me interessavam muito, visto que você pode comprá-lo no mercado e onde moro nem é tão quente assim. Agora a coisa já mudou um pouco, quero até comprar livro de sorvete, e tenho que ver até onde isso vai.
Curiosidade sobre tudo isso: foi só eu fazer o sorvete e entrou a frente fria maledeta que trouxe frio e chuva por duas semanas direto. E o meu frozen ficou lá abandonado na fortaleza da solidão. Murphy's Law.
Ai, ainda tem mais, quase que eu esqueço! Servi o sorvete [pra o pessoal aqui em casa] com biscoito de gengibre esfarelado e combinou muito. Tanto que não conseguimos mais comer de outro jeito.
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