quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Batata assada que merece um crédito

O que pode ter de mais em comer batata assada? Tudo, quando elas são feitas no improviso, com sobras de outras refeições, de uma maneira que não se sabia se era correta ou não, ou mesmo se ia dar certo ou não e ainda assim, ficam absolutamente deliciosas.

Muito prática essa receita e o que deve dar mais trabalho é embrulhar as batatas em papel alumínio. No meu caso, ontem, as batatas já estavam devidamente temperadas e embaladas, porque foram preparadas para o churrasco de fim de ano, então foi só meter no forno e esperar.

Antes que alguém se assuste, as batatas estavam devidamente armazenadas na geladeira e estavam cruas. Desse modo, ficar aguardando três dias para irem para o forno não foi nenhum sacrilégio. Pelo contrário, as sobras do churrasco estão produzindo improvisações bem boas na minha cozinha. Acredito que para compensar toda a frustração da carne - o que me faz depender cada vez menos de bichinhos para me sentir satisfeita nas refeições. E quando eu digo satisfeita, digo tanto em termos alimentares quanto na questão do prazer de desfrutar de um belo prato de comida. Como eu disse hoje: a minha vibe natureba está indo de vento em popa.

Primeiro eu lavei um monte de batatas médias com casca e tudo. Isso deve ter sido no dia 31, antes do churrasco. Com elas bem lavadinhas e ainda molhadas fiz vários furos com uma faca pequena em cada uma das batatas. Essas batatas molhadas e furadas absorvem melhor o gosto dos temperos, já que elas serão temperadas ainda estão cruas. Dispus todas elas em um tabuleiro grande e juntei azeite em quantidade considerável, bastante pimenta rosa [acho que essa é a minha preferida], folhas e talos separados de um ramo de alecrim e sal. Elas ficaram marinado uma ou duas horas nessa mistura e depois foram embaladas em papel alumínio. Claro que ao embalar eu fiz questão de deixar algumas partes do tempero dentro do embrulho. Então é só esfregar a batata no tempero e enrolar no papel.

No dia do churrasco, com tantas opções para comer e algum descrédito dos "pseudo-churrasqueiros pseudo-ortodoxos" em relação a incluir vegetais no templo da carne elas ficaram meio de lado e só foram para a brasa no final, com todos já de barriga cheia. Até que alguém lembrou delas e falou: "Vamos botar as batatas?" Eu, que já tinha me decidido não me meter mais com as escolhas do que ia pra churrasqueira e de como ia ser feito, vi naquilo uma ótima oportunidade. Foi bom ter um acesso de discernimento nessa hora, porque nos meus cálculos gastronômicos - ou nas minhas ideias fixas pouco fundamentadas - as batatas deveriam ir para a churrasqueira junto com as brasas. Coisas que só se explicam quando se fica meio amalucada e exagerada por assistir demais aos programas de Jamie com seu estilo inglês estabanado e falsamente despretensioso.

Por algum motivo, uma centelha de sanidade brilhou no momento de colocar os vegetais para assar, e eu coloquei as batatas na grelha sobre as brasas. Na verdade a dita centelha foi a frustração de ter cebolas, poucas horas antes colocadas direto junto ao carvão, carbonizadas e sem gosto de nada quando foram retiradas de junto ao fogo sob o risco de ficar com a própria mão churrasqueada. Bem, tudo o que posso concluir é que não sei como ou porque é tão difícil para muitas pessoas aprender com os próprios erros. Batatas assadas depois, elas fizeram um tremendo sucesso junto aos comensais daquele fatídico evento e surpreenderam até os mais radicais. Aplausos para elas aos comentários de: "Não sabia que dava pra fazer batata na churrasqueira!" "Nunca tinha comido ela assim!" "E não é que fica bom!" Elas receberam um belo complemento de requeijão e passaram muito bem no teste do churrasco. Mas a barriga cheia do pessoal falou mais alto e não assamos todas na noite do réveillon.

No almoço do dia seguinte eu já estava com más intenções em relação a elas e por isso propositadamente não as coloquei na roda para o "enterro dos ossos" da noite anterior.

Elas ficaram então na minha geladeira até ontem a noite, quando calculadamente todas as sobras mais perecíveis já haviam sido consumidas e só restava um pouco de um ragu feito com a carne desfiada da costelinha. Não deu outra, mesmo sendo esse meu plano desde o dia seguinte ao churrasco, ou seja, desde o início. Batatas embrulhadas no tabuleiro, tabuleiro no forno e assistir um episódio de "How I Met Your Mother" enquanto espera. Fiquei meio apreensiva, já que o cheiro do papel alumínio no forno começou a exalar um odor meio metálico, meio queimado [óbvio!?]. Mas mantive e concentração no seriado e ignorei o cheiro. De fato, acho que na hora em que começa a cheira é porque já está quase pronto, então pode funcionar como um sinal para ir conferir o se as batatas já estão prontas, mas como eu coloquei o assado no forno de cima de um fogão duplo e com a temperatura mais alta, pode ser também que o tabuleiro estivesse muito perto da chama e por isso fez com que o papel queimasse.

Tudo isso não interferiu no resultado final. Para conferir se as batatas já estão assadas, com ou sem cheiro, é só abrir lá e espetar elas com o garfo. Estando macias e penetráveis pelo garfo, estão prontas. Uma vez prontas, desembrulhei elas, cortei-as ao meio e besuntei cada uma com uma colher de requeijão. POr fim joguei o ragu de costelinha de porco poer sobre elas e levei de volta ao fogo por apenas 5 minutos. O tempo de derreter o requeijão e esquentar o molho.

Ficaram absolutamente deliciosas, prato único para uma refeição nem tão leve assim. Lembram um pouco as servidas pelo restaurante Batata Inglesa, mas são bem melhores porque temperadas. Além disso, acho que por causa do tipo de batata [dessas lavadas comuns nos mercados] não ficaram tão ressecadas e farinhentas. Não sei, só sei que ficou melhor e com uma casquinha levemente tostada por fora. Amazing!!

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