sábado, 28 de janeiro de 2012

Bolinhos para forminhas carentes: meus primeiros muffins

Eu estava andando correndo pelo Centro do Rio de Janeiro em uma tarde calorenta e fedida [é uma pena, mas a região central do Rio fede] porque precisava comprar um HD externo para meu backup. Sim, eu sou daquelas pessoas que juram que irão fazer backup e que um dia irá ter todos os arquivos organizados no computador. Eu até que não sou das piores, mas também não sou exemplo de nada.

Voltando a história, ir ao centro do Rio é uma coisa rara, pois não gosto de caminhar por ali com a quantidade de gente que se amontoa por todos os cantos e com os níveis de bom senso em franca decadência. Educação e cortesia andam em desuso ultimamente. O fato é que, quando resolvo fazer algo desse tipo e porque realmente preciso ir e não teve outra solução melhor para o meu problema. Assim sendo, aproveito para fazer todas as coisas que gosto quando estou no centro, desde que tenha tempo para isso e um pouco de disposição para aturar tudo o que detesto.

Acho que o meu caso é de nostalgia imaginária. Não vivi o suficiente para lembrar do centro da cidade como um lugar agradável, com sua arquitetura deslumbrante e pessoas simpáticas e educadas pelas ruas, mas ainda assim sinto falta disso. Tem muitas coisas que são legais naquela região e possibilidades infinitas para passear e se distrair, mas infelizmente tudo isso fica em segundo plano devido a correria, o barulho, a sujeira e o cheiro insuportável, especialmente no calor.

O fato é que nesse tour pelo paradoxal centro fiz várias coisas, além de comprar meu HD, como doar sangue no Hemorio, ir nas Casas Pedro comprar especiarias, entrar pela primeira vez no Real Gabinete Português - isso foi emocionante, que prédio incrível e silencioso perdido ali no centro -, e já indo embora, passando por ruas que nunca lembro o nome, dei de cara com uma loja de utilidades domésticas. Meu querido companheiro, que não me abandona nem nesses momentos mais exaustivos, perguntou muito gentilmente, uma vez que ele já estava um caco e certamente mais mortificado com aquilo tudo do que eu, se eu queria entrar. Respondi que sim e que seria rapidinho, mesmo sabendo que eu me perco nesses lugares e a chance de demorar era grande. Por sorte a loja era pequena e não deu pra ficar divagando muito, havia poucas opções de coisas de cozinha [como ele as chama] e saí de lá com um pegador tipo pinça e um conjunto de forminhas para cupcakes|muffins e afins.

Claro que comprei essas forminhas de silicone por puro impulso consumista culinário, já que eu não sou nenhuma especialista em bolinhos e nunca tinha feitos deles. Já andei sondando receitas na internet, mas nunca me bateu aquela vontade verdadeira de fazer cupcake ou muffin, ou seja, não tinha nenhuma ideia fixa me perseguindo a respeito disso. Mas vi as forminhas na prateleira e aquilo me pareceu tão necessário, como se minha existência culinária dependesse daquilo, e fui tomada por um estranho sentimento de necessidade de ter o objeto. Isso é tão não-eu que por um momento fiquei levemente surtada e hoje, pensando melhor acho que pode ter sido o cansaço e o calor que confundiram minha capacidade de julgamento. Ou então, a sensação, que acredito mover uma parcela dos consumistas, de que aquela era uma oportunidade única - afinal eu quase não vou ao centro do Rio e não voltaria naquela loja tão cedo. Como se as forminhas fossem sumir da face da terra para todo o sempre?!

Fui atraída por forminhas de silicone, que vergonha. Pelo menos, minhas pirações de consumo se limitam a 20 ou 30 pratas, como as benditas que custaram 19,99 e não a quinquilharias portáteis Polishop like e semelhantes.

A consequência dessa epopeia das forminhas de silicone é que elas ficaram na minha gaveta de talheres esquecidas e sem uso, como outros itens do museu das grandes novidades - por sorte não são muitos. Diferente de muitas outras coisas, eu sequer havia tentado cozinhar bolinhos desse tipo antes para saber se eu ia gostar de fazer tal coisa na cozinha. Eu tenho uma teoria, não muito científica, de que antes de sair comprando mil e um equipamentos para realizar determinada atividade você deve procurar saber se realmente vai gostar de fazer aquela atividade. O sorvete é um bom exemplo disso. Antes de achar que eu precisava de uma sorveteira para fazer sorvete caseiro eu fui tentando me virar com ferramentas toscas que já tinha para ver o resultado da coisa e, principalmente se eu ia entrar na vibe de fazer sorvete em casa com uma frequência razoável. Tirando o fato de que sempre chove quando faço sorvete, concluí que o investimento na máquina valeria a pena, e, mesmo assim, ainda não comprei uma.

Aí, sem mais nem menos, ontem, alguma coisa me atacou durante a tarde que eu levantei do sofá [estava meio sonolenta nessa hora], e num ímpeto estranho entrei na cozinha e falei: "Vamos fazer muffin?". Do nada, eu já concluí que faria os muffins e que seriam de limão e sem pensar peguei o computador e botei no Google "Technicolor Kicthen muffin de limão", entrei no primeiro resultado que me levou até o site da Patrícia Scarpin [é estranho você se referir com tanta intimidade a uma pessoa que não conhece, mas eu visito o blog sempre e não acho outra maneira apropriada de fazer tal referência] que é uma autoridade em limão e cítricos de um modo geral. Sabia que se queria bolinhos de limão, no site dela iria ter com certeza.

O primeiro resultado do Google foi "Muffins de limão com sementes de papoula" e foi a receita que segui, substituindo limão verde por siciliano [coloquei três colheres de chá e achei pouco] e sementes de papoula por de chia na mesma quantidade pedida na receita.

A questão - sempre tem uma questão - é que eu não tenho formas de cupcake|muffin. Posso comprar forminhas de silicone num lapso impulsivo, mas continuo firme na minha posição de evitar até o limite da necessidade o acúmulo de tralhas supostamente essenciais na cozinha. Sou uma adepta convicta do básico e do não-consumo e espero nunca mudar. Então improvisei a assadeira de bolinhos com uma forma de pizza e forminhas de empada, que, infelizmente, também estavam abandonadas e foram utilizadas pela primeira vez. Tudo bem que quando comprei as forminhas de empada estava numa fase tortinhas / patê brisée e ainda não havia pensado em mudar de hábitos completamente. Além disso elas só me custaram 6 ou 10 pratas, não me lembro.

Quase não sobrou pra foto.

Funcionou perfeitamente, mas acho que da próxima vez não será preciso usar as formas de empada como suporte. Como essa foi minha primeira vez, fiquei com medo das fomas de silicone abrirem e espalharem a massa, necessitando, por isso, de paredes mais firmes. Agora já sei que não acontece e o silicone sozinho garante boa sustentação. Conclusão: economia de umas 60 pratas [no mínimo] com assadeiras inflacionadas por causa da moda dos cupcakes.

Os três últimos mosqueteiros.
Pra não terminar sem comentários do ser que me acompanha nas mais diversas situações, segundo ele, os bolinhos ficaram muito fofos e gostosos. E... "O ruim é que dá pra você contar quantos eu comi!"

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