sábado, 21 de janeiro de 2012

Reinventando a berinjela: estratégias mirabolantes para agradar a gregos e os que não gostam

Eu estou me viciando em escrever no blog. O que nem eu podia imaginar é que tenho tanta história pra contar pro trás do simples ato de cozinhar. Também gosto de ficar lendo os posts mais antigos e percebo o quanto a minha memória esvazia rápido - enche rápido também [é um problema de fluxo] -, pois nem lembrava de ter feito algumas das receitas que estão aqui. Por isso, este espaço não é para falar de cozinha, embora esta esteja cada vez mais presente na minha lista de interesses, mas para arquivar alguns episódios pelos quais eu passei e que iriam se perder sem esse registro. Isso é brega? Sim, porém divertido. É como deixar um rastro para mim mesma poder lembrar das coisas que realmente importaram, mas que inevitavelmente, devido a simplicidade cotidiana dos acontecimentos, serão esquecidas.

O assunto de hoje é um velho conhecido e eu prometo não me prolongar. Já é do conhecimento até do reino mineral [lembro que alguém que conheço usava muito essa expressão, só não sei quem - olha aí o problema de memória] que nem todos aqui em casa são fãs dos vegetais e afins. Coisas que brotam da terra e já podem ir pra mesa sem passar por nenhuma etapa que o transforme em algo supostamente mais gostoso não são o forte do menino. Só que eu desanimo,mas não desisto e se anteontem eu queria jogar por terra todos os planos de alimentação saudável, ontem a coisa voltou com tudo.

Depois! Bonito para um gratinado.
Eu tinha uma a berinjela [é, de novo] e muitas opções para transformá-la em um prato que camuflasse toda a sua berinjelice [aparência e textura - sabor até que não é o problema]. Pesquisa daqui e dali, corta coisas que pareçam caponata e antepasto, porque é muito heavy para um início de relacionamento com o vegetal; corta strogonoff porque não tem creme de leite; e concluí-se que na rede nada poderá me salvar. Partimos então para a livre interpretação, o que significa reunir tudo o que se sabe sobre o preparo de berinjela - não muita coisa - e criar um prato personalizado a partir disso. Mais uma vez consigo colocar teoria em prática na cozinha e fazer minhas próprias tentativas sem matar, de indigestão ou desgosto, nenhum comensal e isso me deixa feliz. Então, observemos a geladeira para ver o que precisa e pode ser utilizado ou porque está "cruzando a linha e vendo a luz" ou porque está me dando nos nervos e não acaba nunca.

O prato pode ser batizado de gratinado de berinjela afogada, o qual seria muito parecido com uma lasanha - e até tinha a mesma estrutura que eu havia pensado para o prato de massa - não fosse a desproporção entre líquidos e sólidos. Enquanto comíamos e falávamos [mais eu do que ele] sugeri que era um afogatto de berinjela. Quente, bem quente esse prato. Nada com cara de verão, apesar bastante saboroso e aromático.

E antes. Só pra variar
Fiz da seguinte forma. Cortei as berinjelas em fatias no sentido do comprimento, amaldiçoando o infeliz que comercializa um cortador de legumes que corta tudo errado. Três fatias deformadas depois parti pra faca mesmo, o que deveria ter feito desde o início. Dispus as fatias numa peneira, polvilhei sal pra desidratar e ficou lá descansando. Depois lavei e cobri com água enquanto preparava um molho branco comum: 30 gramas de manteiga, 30 gramas de farinha e 500 ml de leite aromatizado com ervas [tomilho, louro, salsa e sálvia]. Isso feito, eu me sentindo a adiantada, só montar e pronto, fui tomar banho porque tinha compromisso às três horas.

Acabo o banho e nisso chega o sujeito morto de cansado da pedalada que foi fazer para ficar morto de cansado - ou melhorar a performance no ciclismo como ele gosta de dizer. Conversamos um pouco, aparecem os vizinhos pra conversar também e pronto: o almoço que estava supostamente adiantado acaba de ficar perigosamente em cima da hora. Vou pra cozinha e começa a maratona de tudo junto ao mesmo tempo, resultando em duas vezes mais louça para lavar no final. Assim, correndo, passei as fatias de berinjela na frigideira quente, reservei. Na mesma frigideira dispus um pouco de azeite, alho poró previamente cortado em rodelas, salsão [acabou!!!! enfim!!!], ervilhas congeladas [que também acabaram], sal e pimenta do reino. Depois de refogar tudo joguei um pouco do molho branco na frigideira. Agora vai montar o prato pra gratinar: berinjela, refogado, berinjela, refogado, um pouco de cebolinha, berinjela, molho branco por cima de tudo escorrendo e afogando os ingredientes e uma quantidade educada de queijo mussarela e parmesão, apenas para tapear os desavisados. Finaliza com cebolinha fina cortada por cima de tudo e forno.

Cebolinhas finalizando!
Ficou ótimo e nem deu tanto trabalho assim, pois a pressa atrapalhou mais do que a dificuldade de execução. Por sorte [ou azar] gratinados tem uma vantagem em relação a outros pratos, já que o tempo de forno dá pra lavar a louça para não sair de casa com a pia parecendo um campo de batalha. Sair de casa com a pia suja é ruim, mas voltar e ela ainda estar suja é bem pior. Rá!

Claro que não deu para cortar bonitinho e colocar no prato montado, pois o molho bagunçou tudo. Essa é uma preparação estilo desmoronamento e você pega de colheradas. Não que isso tenha tirado o valor da refeição, exceto o nutricional já que eu não sei se tanto molho e queijo não anulam a parca porção saudável de berinjela. Como estamos no início da operação vegetais [coma-os ou ature-os] me contento com pequenas vitórias nem tão grandiosas assim, ou seja, mesmo que a berinjela apareça como coadjuvante no prato. Terei um pouco de paciência, boa vontade a passos curtos e muita chatice insistente para o reverter essa situação.

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