quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Guia da autossuficiência doméstica. Episódio: ricota

Pois é, você não ouviu errado. Eu disse ricota... Queijo. Houve um dia em que eu resolvi fazer queijo na minha própria casa. E por quê? Apenas para saber que é possível. E, surpreendentemente fácil. O gosto? Acho que nunca havia comido ricota na minha vida toda e agora entendo porque ela é tão malfalada. Nenhuma ricota que comprei até hoje, das mais caras ou mais baratas, tem o mesmo gosto de leite dessa que eu fiz a dois dias atrás.

Coisa de quem não tem o que fazer? Não, coisa de quem quer saber até onde é possível ir, além da pura e simples curiosidade quando vejo uma receita dizendo que você pode fazer em casa a comida que todo mundo compra no mercado. Cada vez estou mais convencida de que esse é o caminho. Depois de procurar e conseguir produtos frescos orgânicos e nunca mais ter comprado granola comercial, fazer queijo nem parece tão insano assim.

Já havia visto a receita de ricota caseira a bastante tempo e vinha esperando uma oportunidade e disposição para testá-la. Primeiro achei que seria perfeito, depois comecei a duvidar da coisa, em seguida desisti porque a quantidade de ricota por litro de leite é bem pequena e achei que o rendimento não compensava o trabalho. Quando voltei a achar que poderia ao menos tentar a receita a falta de um "cheesecloth" ou algo parecido foi um empecilho  Sempre esquecia de procurar o maldito pano para sorar o queijo - é verdade que andar por lojas de tecido, ou de cama, mesa e banho, não é lá muito a minha cara. Agora de férias, em casa, em um dia de hiperatividade decidi: vou fazer queijo.

Dei um jeito na cozinha que estava um campo de batalha. Limpei tudo, organizei a louça e tô pra lá na cozinha procurando um "problema pra resolver". Muito inquieta nessa hora. Já era umas oito ou nove da noite e eu ainda com todo o gás. Uma vez que tudo estava em seu devido lugar pensei; por que não? Lá fui então separar os equipamentos. Não achei o "cheesecloth", mas a solução não poderia ter sido mais prosaica. Para escorrer a ricota usei um pano de prato "virgem" e limpo sobre uma peneira.

Iniciando os processos.
Tenho que confessar, não consegui leite de verdade para a ser transformado em ricota e tive que apelar para aquele líquido branco que vem numa caixa longa vida. São os problemas da vida moderna que exigem durabilidade em detrimento do sabor; preço em detrimento da qualidade; e substâncias químicas no lugar de ingredientes. Desse modo, temendo que a gordura do leite fosse pouca, resolvi colocar o creme de leite fresco na mistura que iria virar ricota, apesar desse item ser opcional na receita que eu segui.
Finalmente ricota.
À propósito, a receita que usei está no Simple Recipes e foi sugerida pelo David Lebovitz, que não é só um bom sorveteiro, como também entende de queijo e, sobretudo, me parece defender um estilo de vida mais próximo do que venho tentando experimentar. Ligado a coisas mais básicas, simples sem, contudo, ser falsamente simplificado pela ditadura da praticidade. Principalmente no que diz respeito a comida e alimentação, que ultimamente tem sido uma das áreas que mais me interessam e através da qual procuro exercitar um estilo de vida mais saudável.

Fiz apenas meia receita, pois era um experimento. No entanto, como sempre, a cabeçuda aqui, depois de ler umas trinta vezes a mesma coisa, colocou as quantidades de sal e ácido erradas. Usei uma colher de chá de suco de limão e de sal, quando pela  receita - dividindo todas quantidades pela metade - deveria ter usado meia de cada um. Por sorte deu certo mesmo com esse lapso de atenção que me é característico. Ainda mais se levarmos em conta que eu estava exagerada e avoada nesse dia.

Agora tenho o selo: eu fiz minha própria ricota. Estou a procura de leite de verdade para novos testes e quem sabe um queijo fresco virá pela frente.

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