terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Velhice chegando e muffins de canela e, não, esse não é um post de aniversário

Hoje eu compreendo porque nunca me importei com cabelos brancos. Porque não os tinha!

E assim começa esse post. Foi nas férias de 2012 que encontrei meu primeiro cabelo branco. Na verdade encontraram e ficaram me sacaneando por isso, simplesmente porque as pessoas não tem compaixão. Brincadeiras a parte, "o" cabelo branco que apareceu em mim me preocupa bem menos do que a perspectiva nefasta de ter que frequentar um salão de beleza para pintá-los. Isso sim me dá calafrios, muito mais do que envelhecer.

Essa história de envelhecer não tem nada a ver com comida, mas pensei... Vou me esquecer de quando surgiu meu primeiro cabelo branco quando eu estiver com muitos e quiser lembrar. Então vou escrever no blog sobre isso. Mas o blog não é sobre reflexões filosófico-melancólicas [apesar das reclamações constantes]. Então eu tenho que achar um motivo. Como vou fazer muffins, posso incluir o tema no post que escreverei sobre eles. [No momento em que escrevo os muffins estão no forno, mas eu tô no flash back] Entretanto, o que tem a ver uma coisa com a outra?

Concluí que:

Escrevi sobre muffins não tem nem uma semana, assim como não tem nem uma semana que fiz muffins pela primeira vez. Acho que posso incluir ser repetitivo e ter ideias fixas na conta dos sinais da idade. Só pras coisas fazerem sentido e eu poder arrumar um nexo para tudo isso. A receita dos bolinhos [estou cansada de escrever muffins] é essa aqui. Coloquei apenas um pouco de aveia na massa porque deu vontade e ainda não sei como será o resultado, apesar do curioso que mora comigo já ter vindo me avisar que os bolinhos estão crescendo. Ele não pode passar pela cozinha sem dar uma espiadinha no forno. Também começo a senti o cheiro maravilhoso da canela, mesmo sendo esta a canela mais vagabunda que já comprei na minha vida. O pó é pálido e deve ter um monte de coisas misturadas, as quais prefiro nem imaginar.

Fila de bolinhos.

Pausa para o comentário do curioso que botou a cabeça pela porta da cozinha pra dizer: "Amor, seus bolinhos estão enormes".

Me dou [a colocação do pronome está errada eu sei, mas dou-me é muito feio e a semana de 22 nos liberou disso] conta que este é o meu primeiro post em tempo real. Em que vou narrando o assamento dos muffins de canela que, sim, estão aromatizando toda a casa, que, tudo bem, não é tão grande assim.

Agora chega e volto quando estiver pronto.

Só mais uma coisa. Prometi levar esses muffins para uma amiga no trabalho amanhã e por isso também não tive como escapar deles, o que não é nenhum problema. Voltar a trabalhar: sucks! Mas bolinhos sempre podem alegrar a véspera.

E esses certamente alegraram meu dia antes do fim. Ficaram melhores que os outros, o que, também é sinal de amadurecimento e experiência e mais uma vez os assuntos se conectam. O problema dos bolinhos é que são poucos. O querido companheiro já sentenciou que apesar deles terem ficado uma beleza, tem o revés de você ter que comer com parcimônia.

"O problema é que a gente tem que ser comedido e não dá pra comer um monte igual a bolo grande. Acho que você devia comprar mais forminhas... E fazer um monte... E comprar um pote gigante pra encher de bolinho." Delírios de um fanático. Pior é ele olhando pra eles com saliva na boca. A referência que ele usou para descrevê-lo foi a seguinte.

"Sabe o episódio do Tiny Toons em que o presuntinho começa uma dieta? E o bolo fica falando pra ele - Me come, me come." Então é ou não preocupante?

3 minutos e não é miojo? Salada morna de couscous marroquino com calabresa

Estou postando o que acabei de almoçar. Raspei a tigela e fui comendo mais devagar na medida que foi acabando pra ver se fazia render. Mais rápido impossível! Tirei essa manhã para trabalhar bastante e como ia almoçar sozinha fiquei protelando a ida para a cozinha. Só que a fome é implacável e começou a apertar de um modo que comer três ou quatro uvas não resolveriam.

Pra comer na frente do computador.

Infelizmente, almocei sozinha porque minha companhia está mal do estômago e não prefere não abusar. Tomou apenas chá com torradas e está descansando nesse momento. Para meu completo desgosto, ainda começou a chover muito e nem vou comentar que hoje é o último dia de férias. Já me conformei, mas sempre fica uma pontinha de tristeza pelo fato.

A salada, morna e perfeita para esse dia foi feita no impulso e improviso. Improviso porque não segui receita e impulso porque eu nem tava pensando em almoçar, mas foi só botar os pés na cozinha que entrei em alfa e fui inventando e juntando tudo como se isso fosse muito natural. Estou começando a gostar muito de cozinha, o que é ao mesmo tempo muito bom - me distrai e me divirto - e preocupante - pois posso virar a louca que só fala de comida.

Prato único.
Então foi assim: cortei um pedaço de linguiça calabresa em cubos nem tão perfeitos assim; fritei eles em uma frigideira até criar aquela casquinha tostada, acrescentei cebola e um pouco de molho de tomate caseiro. Desliguei o fogo e acrescentei salsinha e cebolinha picada em grande quantidade. Enquanto isso eu aqueci água, hidratei o couscous. Quando ele ficou pronto [cerca de 3 minutos], temperei com zathar, piquei uma noz por cima e juntei a calabresa misturando bem. Salsinha por cima e yumiii! Ficou tão melhor do que o esperado.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Com vocês... a semana da abóbora

Como duas pessoas podem consumir três quilos de abóbora antes que ela estrague? Como conseguir tal feito se umas dessas duas pessoas jura de pés juntos [não sei de onde tiraram essa expressão engraçada] que não gosta de abóbora [assim como de outra gama enorme de vegetais e frutas]? E, porque alguém compraria 3 quilos de abóbora em condições tão adversas?

Começando pelo fim, a abóbora em questão veio na cesta de produtos orgânicos que recebi na semana passada e não tive muito o que fazer em relação ao seu tamanho. Quando enviei o e-mail com os itens que gostaria de receber pedi uma abóbora-moranga pequena, mas os vendedores me responderam avisando que aquela era a menor disponível no momento. Eles foram bastante atenciosos e enviaram uma foto da moranga para a minha avaliação, logo, resolvi aceitar o desafio da abóbora.

Você compraria essa abóbora?
Pois é, eu comprei e agora estou me virando pra usar ela toda na semana da abóbora. Esse post está meio atrasado, uma vez que a dita semana começou na quarta-feira passada em grande estilo. E, como a moranga ainda não acabou se estenderá por mais alguns dias, de modo que vou atualizando assim que as receitas forem sendo produzidas. Não vou me estender no assunto que o meu querido companheiro não gosta de abóbora, porque é repetitivo para qualquer vegetal, exceto batata, mas vale dizer que o menino não se nega a experimentar nada e é sempre bem coerente nas análises dos pratos. Embora, às vezes goste de ficar implicando comigo por causa do terrorismo alimentar a que vem sendo submetido.

Pensando nos pratos já feitos eu tenho que confessar que devo essa semana a Ana Elisa do La Cucinetta, pois agora me dei conta que usei muito suas receitas e, pode-se dizer, experiência com pessoas que juram não gostar de abóbora. Não a conheço pessoalmente, mas compartilho de alguns pontos de vista e sempre que tenho um legume pra transformar em comida dou uma pesquisada lá no site dela, porque tem bastante informação boa, fora os textos. É uma pena que enquanto escrevo isso, ela pode estar dando um tempo de blog, conforme anunciou numa explicação nem tão curta assim a alguns dias. Perfeitamente compreensível, porque as coisas que são feitas por diversão não devem se transformar em tarefa, fora os chatos da internet. O que é ruim, pois era uma das poucas vozes dissonantes do universo dos foodbloggers tão colorido, otimista, cheio de frufru e igual. Estava comentando isso hoje aqui em casa: os blogs de comida tem me cansado um pouco, porque tudo é muito parecido, todo mundo quer ser legal e positivo, fazer receitas fáceis e que impressionam, falar sem pensar muito em sustentabilidade e ficar fazendo propaganda de produtos e serviços na forma de conteúdo. Isso me enjoa e me soa falso e viva a ranzinzice.

Depois da inevitável lamúria do dia, a comida. Na quarta-feira comecei - como já disse em grande estilo - com esse flan de abóbora. Mudei um pouco a receita e usei apenas dois ovos e duas gemas, porque achei 6 ovos meio exagerado, mas acho que não foi uma perda muito grande. Troquei o queijo gorgonzola por provolone, porque não sei se a outra parte gosta de queijos tão fortes [acho que nem ele sabe se já comeu gorgonzola na vida], e, coitado, a abóbora por si só já não é algo gostoso para ele, se eu metesse um queijo fedido que ele também não aprovasse a minha recém iniciada semana da abóbora iria ladeira abaixo. Só lamentei um pouco por não ter mais que 2 ramequins tendo portanto que colocar o restante do flan em um refratário comum. Acompanhei com uma salada de alface simplinha só temperada com azeite, limão e gersal e casou perfeitamente sem necessitar de mais nada. Como sobrara apenas um pouco do flan, no dia seguinte, mortos de fome ao retornar de um passeio no parque ecológico aqui perto, tive que aumentar o almoço fazendo um arroz com linhaça e mais salada verde.


Eu tô devendo essa continuação, mas é que são tantas as novidades que acabei me perdendo e esquecendo de postar. Outro fator que contribuiu para esse inevitável desleixo foi o fato de eu ter voltado a trabalhar na semana passada e com o cansaço decorrente desta experiência minha vontade de escrever declinou consideravelmente. A continuação da nossa saga abobrística se deu com uma incrível sopa apimentada e ao mesmo tempo confortante numa noite um pouco mais fria deste verão esquisito. Tudo bem que a sopa mistura coisas quase infalíveis como abóbora, curry e leite de coco, mas sabe como são os preconceituosos. Quando o fofo que mora comigo olhou para uma panela com o creme cor de abóbora fez aquela cara de "nós vamos comer isso, aí". E eu tive que dizer firmemente que sim e que ele iria gostar, que estava até com uma uma camisa laranja pra combinar. A única diferença da minha sopa para a receita foi que eu tinha um coco fechado para fazer o leite e um pouco de creme de leite fresco, o qual eu não podia deixar estragar. Assim, usei o creme de leite no lugar do leite de coco, o que deu uma ótima textura a sopa e um motivo nobre para fazê-la novamente - experimentar com o leite de coco. O fato é que na hora de comer ele fez caras e bocas, disse que aquela não era a sopa preferida dele, reclamou da cor, sentiu a ardência do prato, mas foi sorrateiramente da mesa ao fogão para pegar a segunda rodada.

Sopa doce-picante na medida certa pra ser repetida.
E, por último, neste post, que já é um tratado sobre abóbora no qual eu vou acabar me perdendo: um quibe de forno vegetariano... De abóbora? Não, com recheio de abóbora, feta e ricota. Desse eu não tenho foto, porque não deu pra tirar, mas certamente a mistura ficou muito boa, com aquele gosto que lembra armazém característico dos pratos com trigo para kibe. Eu acho que gosto mais do cheiro que do gosto, pois o aroma desses pratos me lembra algo bom que eu nem sei o que é. Não tenho nenhuma memória olfativa significante que envolta tal ingrediente, mas eu fico feliz quando faço. Essa receita, não é beeem um kibe, porque não leva carne - nem de soja - e fica com uma textura um pouco diferente, menos firme e mais desmanchante quando a gente põe no prato. Geralmente, o quibe de forno [já escrevi com k e com que - devo estar meio bêbada de cansaço de uma semana que insiste em não acabar] é um prato cortável, ou seja, você consegue retirar pedaços inteiros e montadinhos da travessa, o que não é o caso desse aqui. Mas na falta de nome melhor vai quibe de forno mesmo.

Infelizmente eu não tinha comprado hortelã e o pé que tem aqui no condomínio ainda tá muito pequenino, de modo que não era possível retirar-lhe uma quantidade que fizesse alguma diferença no sabor do prato e eu não ia de-predar a pequena moita em vão. Logo, vai quibe sem hortelã mesmo, o que não quer dizer que vai ser quibe sem gosto. Fiz uma substituição de ervas [ops!] e usei bastante salsinha crespa e cebolinha francesa, ambas recebidas na cesta orgânica - fazendo companhia para o abobrão - e disponíveis abundantemente na geladeira.

Misturei bem uma xícara de trigo para quibe, salsinha crespa e cebolinha francesa picadas, azeitonas bem picadas, pimenta síria, sal, azeite, um pouco de manteiga gelada e umas gotas de tabasco. Acho que foi isso,  pois já faz muito tempo e estou levemente desmemoriada em relação a essa receita. O recheio foi feito com cerca de 500 gramas de abóbora assada no forno e amassada [essa linda abóbora, especialmente, está macia e desmanchando facilmente] com o garfo juntamente com um pedaço de queijo feta e um pouco de ricota fresca caseira. Tudo no olho mesmo, já que a intensidade desses sabores é muito pessoais ou, como no meu caso, é fruto das sobras de ingredientes que habitam a minha geladeira. Salvo a abóbora, que tinha em bastante quantidade, mesmo três refeições depois, os queijo foram sobras e até mesmo por isso juntei a ricota e o feta para aumentar a quantidade de recheio e do queijo. Depois é forno até dourar e comer alegremente esse prato saudável, saboroso e saciante.

A semana da abóbora, que já estende a bem mais que sete dias, continuou no último domingo [05/02/2012] com o risoto de abóbora sobre o qual já escrevi aqui, mas acho que desta vez ficou com um sabor mais intenso e profundo devido ao incremento generoso de gengibre ralado e do uso de 150ml de caldo de frango caseiro. Também usei abóbora ralada e como ela estava muito macia, deu ainda mais cremosidade ao risoto. Pena que não pude usar queijo ralado, uma vez que o companheiro [que dessa vez comeu sem susto, piadinha, comentários infames e ainda elogiou - bom menino] estava se recuperando de sua, infelizmente mais comum do que gostaríamos, enfermidade cefálica e estomacal. Estou quase chegando a receita perfeita desse risoto - pelo menos pra mim - quando conseguir juntar as informações dessas duas execuções com arroz próprio para risoto e um bom vinho branco.

Ainda fiz um doce de abóbora que vai em outro post, para que a busca por ele fique mais fácil. Além disso, levei o doce para o trabalho e o sucesso que ele fez com a querida amiga Luciana me gerou um pedido meio que indireto assim: "Comeu? Comi, tava bom. Tá no blog?" Ao que eu respondi: "Comecei a trabalhar, esqueceu? Não dá mais tempo de escrever no blog." Essa conversa foi hoje, e veja como são as coisas de amizade, vou tentar postar o doce no blog hoje em post separado para que ela ache e talvez o faça.

Antes de acabar preciso dizer a melhor frase de todas sobre essa abóbora específica, que foi proferida, assim que ela chegou aqui em casa, por ele, que sempre faz os melhores e mais debochados comentários a respeito de quase tudo: "A gente pode ficar com ela?"

sábado, 28 de janeiro de 2012

Bolinhos para forminhas carentes: meus primeiros muffins

Eu estava andando correndo pelo Centro do Rio de Janeiro em uma tarde calorenta e fedida [é uma pena, mas a região central do Rio fede] porque precisava comprar um HD externo para meu backup. Sim, eu sou daquelas pessoas que juram que irão fazer backup e que um dia irá ter todos os arquivos organizados no computador. Eu até que não sou das piores, mas também não sou exemplo de nada.

Voltando a história, ir ao centro do Rio é uma coisa rara, pois não gosto de caminhar por ali com a quantidade de gente que se amontoa por todos os cantos e com os níveis de bom senso em franca decadência. Educação e cortesia andam em desuso ultimamente. O fato é que, quando resolvo fazer algo desse tipo e porque realmente preciso ir e não teve outra solução melhor para o meu problema. Assim sendo, aproveito para fazer todas as coisas que gosto quando estou no centro, desde que tenha tempo para isso e um pouco de disposição para aturar tudo o que detesto.

Acho que o meu caso é de nostalgia imaginária. Não vivi o suficiente para lembrar do centro da cidade como um lugar agradável, com sua arquitetura deslumbrante e pessoas simpáticas e educadas pelas ruas, mas ainda assim sinto falta disso. Tem muitas coisas que são legais naquela região e possibilidades infinitas para passear e se distrair, mas infelizmente tudo isso fica em segundo plano devido a correria, o barulho, a sujeira e o cheiro insuportável, especialmente no calor.

O fato é que nesse tour pelo paradoxal centro fiz várias coisas, além de comprar meu HD, como doar sangue no Hemorio, ir nas Casas Pedro comprar especiarias, entrar pela primeira vez no Real Gabinete Português - isso foi emocionante, que prédio incrível e silencioso perdido ali no centro -, e já indo embora, passando por ruas que nunca lembro o nome, dei de cara com uma loja de utilidades domésticas. Meu querido companheiro, que não me abandona nem nesses momentos mais exaustivos, perguntou muito gentilmente, uma vez que ele já estava um caco e certamente mais mortificado com aquilo tudo do que eu, se eu queria entrar. Respondi que sim e que seria rapidinho, mesmo sabendo que eu me perco nesses lugares e a chance de demorar era grande. Por sorte a loja era pequena e não deu pra ficar divagando muito, havia poucas opções de coisas de cozinha [como ele as chama] e saí de lá com um pegador tipo pinça e um conjunto de forminhas para cupcakes|muffins e afins.

Claro que comprei essas forminhas de silicone por puro impulso consumista culinário, já que eu não sou nenhuma especialista em bolinhos e nunca tinha feitos deles. Já andei sondando receitas na internet, mas nunca me bateu aquela vontade verdadeira de fazer cupcake ou muffin, ou seja, não tinha nenhuma ideia fixa me perseguindo a respeito disso. Mas vi as forminhas na prateleira e aquilo me pareceu tão necessário, como se minha existência culinária dependesse daquilo, e fui tomada por um estranho sentimento de necessidade de ter o objeto. Isso é tão não-eu que por um momento fiquei levemente surtada e hoje, pensando melhor acho que pode ter sido o cansaço e o calor que confundiram minha capacidade de julgamento. Ou então, a sensação, que acredito mover uma parcela dos consumistas, de que aquela era uma oportunidade única - afinal eu quase não vou ao centro do Rio e não voltaria naquela loja tão cedo. Como se as forminhas fossem sumir da face da terra para todo o sempre?!

Fui atraída por forminhas de silicone, que vergonha. Pelo menos, minhas pirações de consumo se limitam a 20 ou 30 pratas, como as benditas que custaram 19,99 e não a quinquilharias portáteis Polishop like e semelhantes.

A consequência dessa epopeia das forminhas de silicone é que elas ficaram na minha gaveta de talheres esquecidas e sem uso, como outros itens do museu das grandes novidades - por sorte não são muitos. Diferente de muitas outras coisas, eu sequer havia tentado cozinhar bolinhos desse tipo antes para saber se eu ia gostar de fazer tal coisa na cozinha. Eu tenho uma teoria, não muito científica, de que antes de sair comprando mil e um equipamentos para realizar determinada atividade você deve procurar saber se realmente vai gostar de fazer aquela atividade. O sorvete é um bom exemplo disso. Antes de achar que eu precisava de uma sorveteira para fazer sorvete caseiro eu fui tentando me virar com ferramentas toscas que já tinha para ver o resultado da coisa e, principalmente se eu ia entrar na vibe de fazer sorvete em casa com uma frequência razoável. Tirando o fato de que sempre chove quando faço sorvete, concluí que o investimento na máquina valeria a pena, e, mesmo assim, ainda não comprei uma.

Aí, sem mais nem menos, ontem, alguma coisa me atacou durante a tarde que eu levantei do sofá [estava meio sonolenta nessa hora], e num ímpeto estranho entrei na cozinha e falei: "Vamos fazer muffin?". Do nada, eu já concluí que faria os muffins e que seriam de limão e sem pensar peguei o computador e botei no Google "Technicolor Kicthen muffin de limão", entrei no primeiro resultado que me levou até o site da Patrícia Scarpin [é estranho você se referir com tanta intimidade a uma pessoa que não conhece, mas eu visito o blog sempre e não acho outra maneira apropriada de fazer tal referência] que é uma autoridade em limão e cítricos de um modo geral. Sabia que se queria bolinhos de limão, no site dela iria ter com certeza.

O primeiro resultado do Google foi "Muffins de limão com sementes de papoula" e foi a receita que segui, substituindo limão verde por siciliano [coloquei três colheres de chá e achei pouco] e sementes de papoula por de chia na mesma quantidade pedida na receita.

A questão - sempre tem uma questão - é que eu não tenho formas de cupcake|muffin. Posso comprar forminhas de silicone num lapso impulsivo, mas continuo firme na minha posição de evitar até o limite da necessidade o acúmulo de tralhas supostamente essenciais na cozinha. Sou uma adepta convicta do básico e do não-consumo e espero nunca mudar. Então improvisei a assadeira de bolinhos com uma forma de pizza e forminhas de empada, que, infelizmente, também estavam abandonadas e foram utilizadas pela primeira vez. Tudo bem que quando comprei as forminhas de empada estava numa fase tortinhas / patê brisée e ainda não havia pensado em mudar de hábitos completamente. Além disso elas só me custaram 6 ou 10 pratas, não me lembro.

Quase não sobrou pra foto.

Funcionou perfeitamente, mas acho que da próxima vez não será preciso usar as formas de empada como suporte. Como essa foi minha primeira vez, fiquei com medo das fomas de silicone abrirem e espalharem a massa, necessitando, por isso, de paredes mais firmes. Agora já sei que não acontece e o silicone sozinho garante boa sustentação. Conclusão: economia de umas 60 pratas [no mínimo] com assadeiras inflacionadas por causa da moda dos cupcakes.

Os três últimos mosqueteiros.
Pra não terminar sem comentários do ser que me acompanha nas mais diversas situações, segundo ele, os bolinhos ficaram muito fofos e gostosos. E... "O ruim é que dá pra você contar quantos eu comi!"

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Guia da autossuficiência doméstica. Episódio: ricota

Pois é, você não ouviu errado. Eu disse ricota... Queijo. Houve um dia em que eu resolvi fazer queijo na minha própria casa. E por quê? Apenas para saber que é possível. E, surpreendentemente fácil. O gosto? Acho que nunca havia comido ricota na minha vida toda e agora entendo porque ela é tão malfalada. Nenhuma ricota que comprei até hoje, das mais caras ou mais baratas, tem o mesmo gosto de leite dessa que eu fiz a dois dias atrás.

Coisa de quem não tem o que fazer? Não, coisa de quem quer saber até onde é possível ir, além da pura e simples curiosidade quando vejo uma receita dizendo que você pode fazer em casa a comida que todo mundo compra no mercado. Cada vez estou mais convencida de que esse é o caminho. Depois de procurar e conseguir produtos frescos orgânicos e nunca mais ter comprado granola comercial, fazer queijo nem parece tão insano assim.

Já havia visto a receita de ricota caseira a bastante tempo e vinha esperando uma oportunidade e disposição para testá-la. Primeiro achei que seria perfeito, depois comecei a duvidar da coisa, em seguida desisti porque a quantidade de ricota por litro de leite é bem pequena e achei que o rendimento não compensava o trabalho. Quando voltei a achar que poderia ao menos tentar a receita a falta de um "cheesecloth" ou algo parecido foi um empecilho  Sempre esquecia de procurar o maldito pano para sorar o queijo - é verdade que andar por lojas de tecido, ou de cama, mesa e banho, não é lá muito a minha cara. Agora de férias, em casa, em um dia de hiperatividade decidi: vou fazer queijo.

Dei um jeito na cozinha que estava um campo de batalha. Limpei tudo, organizei a louça e tô pra lá na cozinha procurando um "problema pra resolver". Muito inquieta nessa hora. Já era umas oito ou nove da noite e eu ainda com todo o gás. Uma vez que tudo estava em seu devido lugar pensei; por que não? Lá fui então separar os equipamentos. Não achei o "cheesecloth", mas a solução não poderia ter sido mais prosaica. Para escorrer a ricota usei um pano de prato "virgem" e limpo sobre uma peneira.

Iniciando os processos.
Tenho que confessar, não consegui leite de verdade para a ser transformado em ricota e tive que apelar para aquele líquido branco que vem numa caixa longa vida. São os problemas da vida moderna que exigem durabilidade em detrimento do sabor; preço em detrimento da qualidade; e substâncias químicas no lugar de ingredientes. Desse modo, temendo que a gordura do leite fosse pouca, resolvi colocar o creme de leite fresco na mistura que iria virar ricota, apesar desse item ser opcional na receita que eu segui.
Finalmente ricota.
À propósito, a receita que usei está no Simple Recipes e foi sugerida pelo David Lebovitz, que não é só um bom sorveteiro, como também entende de queijo e, sobretudo, me parece defender um estilo de vida mais próximo do que venho tentando experimentar. Ligado a coisas mais básicas, simples sem, contudo, ser falsamente simplificado pela ditadura da praticidade. Principalmente no que diz respeito a comida e alimentação, que ultimamente tem sido uma das áreas que mais me interessam e através da qual procuro exercitar um estilo de vida mais saudável.

Fiz apenas meia receita, pois era um experimento. No entanto, como sempre, a cabeçuda aqui, depois de ler umas trinta vezes a mesma coisa, colocou as quantidades de sal e ácido erradas. Usei uma colher de chá de suco de limão e de sal, quando pela  receita - dividindo todas quantidades pela metade - deveria ter usado meia de cada um. Por sorte deu certo mesmo com esse lapso de atenção que me é característico. Ainda mais se levarmos em conta que eu estava exagerada e avoada nesse dia.

Agora tenho o selo: eu fiz minha própria ricota. Estou a procura de leite de verdade para novos testes e quem sabe um queijo fresco virá pela frente.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Retomando o controle dos seus dias com uma salada incrível e equilibrada


Ontem foi um dia muito corrido. Acordei cedo, fui para cachoeira, estavam fazendo obras de contenção na rua da cachoeira. Paramos o carro bem longe, fomos andando, paramos a obra para passar, descemos até a cachoeira. Ficamos  cabreiros com as pedras rolando do morro na obra, fomos embora da cachoeira. Voltamos para casa pela longa estrada de terra. O carro tava limpinho e encerado. Chegamos em casa, fomos na horta, conversamos com os vizinhos e tomamos banho para sair de novo. Afff!

A cachoeira [num dia nublado]

A obra na rua que leva até ela. Pedras rolando...
Tudo isso só pela manhã. Como precisávamos continuar a maratona de terça-feira o almoço foi feito em dois tempos, mas ficou surpreendentemente ótimo, se compararmos tempo de preparação e os ingredientes catados a esmo. Foi um tigelão de coisas saudáveis, combinadas lindamente e que harmonizaram com perfeição. Prato único, mas substancial, pois a medida que eu ia acrescentando os ingredientes o troço ia crescendo e deu quase uma bacia de salada fria e deliciosa.

Em uma tigela grande misturei meia xícara de trigo para quibe - sabiamente colocado para hidratar antes de ir papear com a vizinhança - salsinha crespa e cebolinha picadíssimas, azeite [bastante], suco e raspas de limão siciliano, gengibre ralado, noz moscada ralada, pimenta síria moída na hora, gersal e umas [muitas] gotas de tabasco - eu tenho amado o tabasco. Essa mistura ficou descansando e pegando um pouco desse tempero. Enquanto isso...

Tostei na torradeira duas fatias de pão de forma [era o que eu tinha] e triturei tudo no processador, peguei mais uma fatia de pão, retirei as cascas [comi elas] e cortei em cubos bem pequenos. Aqueci manteiga e azeite em uma frigideira e pus todo o pão - triturado e cortado - lá mexendo de vez em quando até ficar bem tostado.

Na hora de servir, juntei a mistura temperada com uma caixa de seleta de legumes comprada pronta - eu posso explicar.

Explicação
Comprei essa caixa de seleta de legumes para usar na viagem semana passada, já que ia ter que cozinhar em condições desfavoráveis. Entretanto a dita caixa foi apenas passear no campo e voltou intacta para casa e esse foi um bom jeito de dar fim nela, porque aquelas coisinhas boiando no sódio não são nada apetitosas.

Pronto. Retomando. Misturei tudo isso, mais uma beterraba crua ralada e o pão tostado. Almoço: done!

Mas ainda não acabou. comemos, saímos, paramos o carro, pagamos o IPTU [shit, shit!] e fizemos uma parte das compras no caminho. Levamos o carro para trocar o óleo, esperamos, esperamos, esperamos. Tomamos café na padaria [o melhor café da cidade, sem dúvida], terminei de fazer as compras sozinha, fui pro Pilates. Voltamos pra casa, papeamos mais um pouco e fui fazer queijo. Isso mesmo, queijo, mas isso é outro post.

Comida rápida para dias preguiçosos e algumas boas notícias

Esses últimos dias tem sido meio lerdos e sem muita empolgação. Prenúncio do fim das férias. Acho que ando mais devagar para ver se surte algum efeito no passar das horas. Como eu não quero fim de férias! Tantas obrigações desagradáveis por vir, dias longos, cansativos e poucas alegrias. Isso se reflete diretamente na minha disposição para cozinhar, já que vai chegando a hora do almoço e eu ainda nem pensei e nem quero pensar no que fazer. O resultado são sempre comidas mais rápidas e práticas, sem abrir mão do sabor e da saúde e - é claro - sem apelar para facilidades cujos benefícios são duvidosos. Aqui em casa lasanha congelada não entra! E tenho dito.

Apesar das lamúrias que anunciam o fim da vagabundagem, este post também tem boas novas. Depois de muito tempo procurando um fornecedor de alimentos orgânicos, ou que fosse perto ou que entregasse aqui em casa, eu descobri uma fonte que faz as duas coisas. Nessa onda de comer melhor tenho me interessado cada vez mais por expandir o horizonte de preocupações concernentes a comida que me alimenta. E nesse processo a escolha e a compra da matéria-prima não é só uma parte essencial como também a mais difícil de ser feita como se deve.

Ter produtos de qualidade, mesmo pagando um pouco mais caro, não é tarefa das mais fáceis. É preciso experimentar, testar e, sobretudo, procurar. Até porque na lei da selva no mercado reza a valorização do mais barato independente da qualidade dos produtos. Algumas coisas são quase impossíveis de se comprar com o mínimo de confiança e outras estão fora da realidade financeira desta pequena família. Outro aspecto desta questão, ainda mais complicado, é ter produtos como frutas, hortaliças e vegetais, frescos e sem contaminantes, preferencialmente de produtores locais.

Prato sui generis.
Muitas tentativas depois encontrei por acaso, em um folder colado na portaria do condomínio, a referência da Fazenda Constância, a qual produz orgânicos e faz entregas aqui  pela região. Prestaram um serviço de qualidade e me entregaram na última sexta-feira produtos muito bom e frescos [visivelmente recém colhidos]. Fiquei feliz de poder contar com esse tipo de atendimento e agora tenho uma abóbora gigante - apesar de muito bonita - para dar cabo em um milhão de pratos. Já falei aqui em casa que esta será a semana da abóbora!

Acho que com tanta comida rápida, só passei mesmo para registrar tudo isso e falar do primeiro prato com produtos orgânicos fornecido dos "vizinhos". Salada de beterrabas dulcíssimas, com tomates [esses comprados no mercado] marinados em salsinha e cebolinha, com uma omelete verde de alho poró, e muita cebolinha. Tudo isso finalizado com as flores comestíveis que ganhei de brinde na cesta orgânica. Que o trabalho do pessoal da fazenda prospere e que eles continuem prestando um serviço de qualidade.

Mais uma coisa que ia esquecendo. Um bolo de banana incrível e totalmente para preguiçosos. O comedor de bolos compulsivo que mora comigo falou mais de três vezes que estava ótimo, e, ele é autoridade no assunto. Fácil, fácil. É tipo uma cuca de banana, mas com uma pequena intervenção gastronômica de minha parte ficou um achado culinário. Sem contar que promoveu uma necessária extinção das bananas que ficavam me olhando da bancada da pia. Foi o cacho todo e agora só restam duas.

A receita veio daqui, mas fiz algumas modificações pois chocolate não é um ingrediente muito bem quisto por essas bandas. Não que a gente não goste, mas é meio arriscado, comê-lo em excesso. O que fiz de diferente foi primeiro aromatizar o leite com 50 gramas de café em grãos. Fervi o leite com os grãos e deixei descansando enquanto fazia a farofa, com farinha, açúcar mascavo, um pouco de chocolate em pó, leite ninho e manteiga [da próxima vez vou por aveia]. Em uma forma redonda montei farofa, banana, farofa, banana, passas pretas, farofa, aveia, pedaços de manteiga e a parte líquida só com ovos e o leite aromatizado.

Ficou uma ótimo, saudável e com gosto de café. Banana e café combinam!

sábado, 21 de janeiro de 2012

Reinventando a berinjela: estratégias mirabolantes para agradar a gregos e os que não gostam

Eu estou me viciando em escrever no blog. O que nem eu podia imaginar é que tenho tanta história pra contar pro trás do simples ato de cozinhar. Também gosto de ficar lendo os posts mais antigos e percebo o quanto a minha memória esvazia rápido - enche rápido também [é um problema de fluxo] -, pois nem lembrava de ter feito algumas das receitas que estão aqui. Por isso, este espaço não é para falar de cozinha, embora esta esteja cada vez mais presente na minha lista de interesses, mas para arquivar alguns episódios pelos quais eu passei e que iriam se perder sem esse registro. Isso é brega? Sim, porém divertido. É como deixar um rastro para mim mesma poder lembrar das coisas que realmente importaram, mas que inevitavelmente, devido a simplicidade cotidiana dos acontecimentos, serão esquecidas.

O assunto de hoje é um velho conhecido e eu prometo não me prolongar. Já é do conhecimento até do reino mineral [lembro que alguém que conheço usava muito essa expressão, só não sei quem - olha aí o problema de memória] que nem todos aqui em casa são fãs dos vegetais e afins. Coisas que brotam da terra e já podem ir pra mesa sem passar por nenhuma etapa que o transforme em algo supostamente mais gostoso não são o forte do menino. Só que eu desanimo,mas não desisto e se anteontem eu queria jogar por terra todos os planos de alimentação saudável, ontem a coisa voltou com tudo.

Depois! Bonito para um gratinado.
Eu tinha uma a berinjela [é, de novo] e muitas opções para transformá-la em um prato que camuflasse toda a sua berinjelice [aparência e textura - sabor até que não é o problema]. Pesquisa daqui e dali, corta coisas que pareçam caponata e antepasto, porque é muito heavy para um início de relacionamento com o vegetal; corta strogonoff porque não tem creme de leite; e concluí-se que na rede nada poderá me salvar. Partimos então para a livre interpretação, o que significa reunir tudo o que se sabe sobre o preparo de berinjela - não muita coisa - e criar um prato personalizado a partir disso. Mais uma vez consigo colocar teoria em prática na cozinha e fazer minhas próprias tentativas sem matar, de indigestão ou desgosto, nenhum comensal e isso me deixa feliz. Então, observemos a geladeira para ver o que precisa e pode ser utilizado ou porque está "cruzando a linha e vendo a luz" ou porque está me dando nos nervos e não acaba nunca.

O prato pode ser batizado de gratinado de berinjela afogada, o qual seria muito parecido com uma lasanha - e até tinha a mesma estrutura que eu havia pensado para o prato de massa - não fosse a desproporção entre líquidos e sólidos. Enquanto comíamos e falávamos [mais eu do que ele] sugeri que era um afogatto de berinjela. Quente, bem quente esse prato. Nada com cara de verão, apesar bastante saboroso e aromático.

E antes. Só pra variar
Fiz da seguinte forma. Cortei as berinjelas em fatias no sentido do comprimento, amaldiçoando o infeliz que comercializa um cortador de legumes que corta tudo errado. Três fatias deformadas depois parti pra faca mesmo, o que deveria ter feito desde o início. Dispus as fatias numa peneira, polvilhei sal pra desidratar e ficou lá descansando. Depois lavei e cobri com água enquanto preparava um molho branco comum: 30 gramas de manteiga, 30 gramas de farinha e 500 ml de leite aromatizado com ervas [tomilho, louro, salsa e sálvia]. Isso feito, eu me sentindo a adiantada, só montar e pronto, fui tomar banho porque tinha compromisso às três horas.

Acabo o banho e nisso chega o sujeito morto de cansado da pedalada que foi fazer para ficar morto de cansado - ou melhorar a performance no ciclismo como ele gosta de dizer. Conversamos um pouco, aparecem os vizinhos pra conversar também e pronto: o almoço que estava supostamente adiantado acaba de ficar perigosamente em cima da hora. Vou pra cozinha e começa a maratona de tudo junto ao mesmo tempo, resultando em duas vezes mais louça para lavar no final. Assim, correndo, passei as fatias de berinjela na frigideira quente, reservei. Na mesma frigideira dispus um pouco de azeite, alho poró previamente cortado em rodelas, salsão [acabou!!!! enfim!!!], ervilhas congeladas [que também acabaram], sal e pimenta do reino. Depois de refogar tudo joguei um pouco do molho branco na frigideira. Agora vai montar o prato pra gratinar: berinjela, refogado, berinjela, refogado, um pouco de cebolinha, berinjela, molho branco por cima de tudo escorrendo e afogando os ingredientes e uma quantidade educada de queijo mussarela e parmesão, apenas para tapear os desavisados. Finaliza com cebolinha fina cortada por cima de tudo e forno.

Cebolinhas finalizando!
Ficou ótimo e nem deu tanto trabalho assim, pois a pressa atrapalhou mais do que a dificuldade de execução. Por sorte [ou azar] gratinados tem uma vantagem em relação a outros pratos, já que o tempo de forno dá pra lavar a louça para não sair de casa com a pia parecendo um campo de batalha. Sair de casa com a pia suja é ruim, mas voltar e ela ainda estar suja é bem pior. Rá!

Claro que não deu para cortar bonitinho e colocar no prato montado, pois o molho bagunçou tudo. Essa é uma preparação estilo desmoronamento e você pega de colheradas. Não que isso tenha tirado o valor da refeição, exceto o nutricional já que eu não sei se tanto molho e queijo não anulam a parca porção saudável de berinjela. Como estamos no início da operação vegetais [coma-os ou ature-os] me contento com pequenas vitórias nem tão grandiosas assim, ou seja, mesmo que a berinjela apareça como coadjuvante no prato. Terei um pouco de paciência, boa vontade a passos curtos e muita chatice insistente para o reverter essa situação.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Outro arroz cremoso. Dessa vez de beterraba

Esse post tem inúmeros motivos e marca minha volta a este espaço depois de uma breve pausa ocasionada por uma incursão de férias ao meio do mato, perto de lugar nenhum [mentira era perto de Saquarema, mas parecia lugar nenhum].

Cheguei ontem dessa viagem ultra-rápida, de apenas dois míseros dias, mas muito bem aproveitados para descansar e não fazer nada. Pés na areia, muito mato - alto, diga-se de passagem - e paisagens bem rurais, mesmo estando perto da região metropolitana do Rio de Janeiro. Cozinha, apenas para o necessário, pois a infra-estrutura não era das mais tentadoras ou, pode-se considerar que sequer existia, numa avaliação mais radicais. Tive que aturar meu querido companheiro de viagens mostrando a faca sem corte e me sacaneando dizendo que era a "faca chef". Fora os comentários maldosos sobre como eu me sentia brigando com os alimentos e cozinhando como se estivesse num campo de batalha.

Sim, eu estive aqui. Chegando às seis e pouca da manhã.

Fim do mundo: eu fui!
 
A estrada que leva até ele.
Bem, nada que inspirasse pratos muito sofisticados ou mirabolantes, mas certamente permitindo que se cozinhasse com o mínimo de qualidade e bastante simplicidade. Digamos, uma comida daquelas das quais se diz honesta, que alimenta, não estando nem muito perto dos melhores restaurantes [e eu tenho minhas dúvidas que isso seja uma vantagem] nem muito longe da boa [essa sim] comida caseira. Com as limitações logísticas de se estar longe de casa. Serviu bem para duas coisas: testar minhas habilidades com "ferramentas de baixo nível" - como diz um amigo do ramo de TI, querendo dizer que você deve aprender a trabalhar com as ferramentas mais básicas [sem interface gráfica] porque são elas que vão te salvar no momento do desespero - e exercitar a objetividade e a simplicidade sem se sentir um fracasso por causa disso. Pelo contrário, expectativas desinfladas fazem muito bem para que prevenir chatice crônica.

Digo isso, porque numa das vezes em que estávamos voltando da praia para casa, me ocorreu que poderíamos ir, no fim da tarde, ao pequeno centro da cidade para tomar um sorvete. Ao dar a sugestão, meu companheiro logo disse: "Sabe que você não vai encontrar nada de especial em matéria de sorvete!?". Taí uma coisa a se pensar. Claro que eu sabia disso, mas tenho que relaxar e comer sorvetes ruins apenas pela oportunidade de dar um passeio, aproveitar a luz do fim do dia e estar em uma situação diferente da habitual. Se começar, com a minha idade, a ter mania de comida [coisa que sempre critiquei muito] fico em casa e não faço mais nada. Então, a viagem serviu também para dar uma amenizada nesse espírito crítico insaciável, para o qual nada nunca está bom. O que não me torna nenhuma Poliana, longe de mim ficar procurando lado bom em tudo! Estou apenas exercitando minha tolerância para as situações em que o universo de possibilidades esteja fora do meu controle. Em casa, sigo com o mesmo rigor e chatices que me são características.

Back to the kitchen!

Ontem, obviamente, eu não fui pra cozinha depois de voltar de viagem. Seria taradice demais. Estava cansada, com preguiça e nenhuma disposição nem mesmo para terminar o post do bolo de limão que já estava começado desde antes da escapada. Cozinhar, só em pensamento e planejei para hoje fazer uma lasanha com massa caseira e recheio de alguma coisa que tivesse na geladeira.

Eu ia fazer massa de macarrão para voltar em grande estilo, mas o plano não saiu como esperado e quando olhei a hora já era tarde demais para começar a preparar tudo. Fazer coisas correndo não é o meu forte, já que corro riscos de acidentes, tudo começa a dar errado e minha forte inspiração para a cozinha vai se esvaindo até levar junto o meu humor. Tem dias que dá certo, mas não arriscaria isso com meu estado recém-retornada de dias de ócio extremo, ainda mais com um prato com camadas. Camadas invariavelmente dão trabalho.

Pensa, pensa, pensa e lá fui eu perguntar pra outra boca o que ela queria almoçar, porque a lasanha havia desertado. Já disse, porque eu ainda faço isso!???

"Não sei, quais as opções? Tem alguma coisa pra fazer um risoto?"
"Beterraba. [coloque aqui um pouco de sarcasmo]"
"E o que você vai fazer pra ficar gostoso?" [OK! Ele venceu.]
"Queijo, eu boto queijo."
"Tá então, né? [coloque aqui um desânimo e um descrédito]"

Tudo isso porque ontem ele rejeitou uma sopa de beterraba que eu havia me oferecido pra fazer, mesmo estando sem espírito de cozinha. Bom, não foi uma punição, foi o que tinha na geladeira. Confesso que eu fui pra cozinha meio desmotivada e com sérias e preocupantes vontades de parar com esse lance de comida saudável, pelo menos quando é comida pra ser servida para nós dois. Fiquei pensando que isso era assim e não gostar de nenhum vegetal era quase um traço da personalidade dele inscrita no código genético [isso talvez provasse que ele foi adotado, já que não parece nenhum um pouco com o resto da família]. Esses pensamentos nefastos podem botar um almoço a perder, desperdiçando uma boa chance de tornar um vegetal mais palatável. Coragem, mulher, coragem! Afinal você está planejando esse risoto a algum tempo e é uma grande oportunidade para combinar beterraba, gengibre e queijo feta.

Ah! Não é um risoto porque eu ainda não tenho arroz apropriado para esse fim. Quando o meu arroz comum estava acabando, tive que comprar mais para fazer o prato do churrasco de fim de ano e adiei mais uma vez a compra de outra variedade de arroz. Mas dessa vez não usei margarina, ao menos. Vamos deixar como arroz cremoso cor de vinho.

Foi exatamente o que eu fiz. Cortei as beterrabas em cubos pequenos, coloquei em uma frigideira grande que pode ir para o forno, temperei com azeite, vinagre balsâmico, gengibre ralado, sal [acho que coloquei muito dessa vez e da próxima posso diminuir], tomilho, manjerona, pimenta do reino, um dente de alho inteiro e uma folha de louro. Coloquei no forno até as bets ficarem macias, mas ainda mordíveis. Quando chegaram nesse ponto eu retirei a frigideira do forno e levei ao fogo para apurar mais um pouco com uma pitada de açúcar mascavo. Joguei um pouco de vinho branco [cerca de um quarto de xícara ou menos], deixei reduzir e juntei uma xícara mal cheia de arroz branco. Misturei um pouco na beterraba e imediatamente ficou tudo cor de vinho. Então é o básico de todo o risoto: ir juntando água e mexendo até cozinhar. Não sem antes alguém entrar na cozinha dizendo de um modo cantarolante:

"Você está fazendo uma coisa cheirosa..."
Sincronizadamente ele termina esta frase quando está atrás de mim no fogão e continua.
"e de aparência esquisita."

Eu mereço!

Arroz cozido alguns minutos e uma espera depois [não finalizei o cozimento até todos estares disponíveis na mesa para o almoço] juntei um pouco de requeijão que tinha no fundo do copo na geladeira, manteiga e cubos de queijo feta. Ficou muito bom e parece que todos aprovaram. O sabor do gengibre estava bem pronunciado e o prato ficou doce e picante. Não tão doce quanto eu gostaria, pois as beterrabas não estavam tão boas assim, mas elas foram salvas pelo risoto e pelo queijo.

Não tem foto, porque não deu tempo e também porque o meu querido companheiro disse que precisava ter louça branca pra sair bem. No prato "duralex" ficava igual comida de cachorro.

Obsessão seu nome é bolo de limão ou como evitar uma neurose escrevendo um blog

Engraçadinho título!!!

Limões sicilianos: fui atraída por uns outro dia no mercado. Fui chegando perto da banca onde estava uma caixa pequena deles, com apenas algumas unidades. E, como nos desenhos animados, fui levada flutuando até eles pelo seu aroma inebriante. Não resisti e tive que comprar uma meia dúzia de quatro, mesmo estando pela hora do morte à 6 e pouco o quilo. Bom, coisas de pessoas levemente amalucadas e que são atraídas por alimentos pelos quais a maioria dos mortais - pelo menos os do lado de cá do Equador - não dariam a mínima.

Limões na sacola e, como eram poucos, um ponto de interrogação sobre o onde seriam empregados. Dessa vez eu contrariei a minha lógica de não comprar por impulso algo que "talvez eu possa precisar", mas eu já vinha de olho nesses limões a algumas semanas e vejo isso como um passo fora da linha que permite a manutenção do equilíbrio - cada vez menos radical, cada vez mais tendendo ao meio termo.

Limões atraentes
Como disse meu querido companheiro, talvez, se nós vivêssemos em terras de limão siciliano seríamos apaixonados pelo verde e óbvio "tahiti". Só que vivemos deste lado quente do planeta e o exotismo dos limões ovalados, amarelos, muito perfumados e que nos remete aos caça-níqueis de filme americano me faz querer comprá-los por preços absurdos e, quiça, tê-los no quintal de casa numa árvore grande pontilhada de amarelo.

Lembro de um episódio do programa do Claude Trogrois em que ele diz o quanto ficou impressionado quando experimentou o limão tahiti no Brasil, já que ele não estava acostumado com aquele sabor e aroma. Então, se ele que é famoso e importante pode eu também posso. Colocados em escala, não sei se pela estranheza ou se pelo sabor, o siciliano está á frente de todos os outros limões, sendo seguido pelo galego e depois pelo verde - são esses que eu conheço até hoje.

Mas o que tudo isso tem a ver com as neuroses sendo evitadas?

Com os limões sicilianos me olhando da fruteira e os dias sem bolo em casa ultrapassando perigosos limites eu resolvi que nada poderia ser mais propício do que utilizá-los com a nobre finalidade de perfumar e aromatizar um bolo de limão.

Eu tenho duas experiências com bolos de limão nesta casa: uma ruim e outra muito boa, exatamente nessa ordem. A primeira vez que tentei fazer esse tipo de bolo, simples e levemente azedo, errei feio naquela cobertura durinha que vai por cima e fiz uma melecada que acabou com tudo. A calda ficou muito mole e muito doce e quando eu joguei por cima do bolo ela foi engolindo a massa toda e caindo pra fora do prato. Um desastre tanto estético quanto de sabor, pois a massa ficou exageradamente doce e o furo do meio do bolo virou uma piscina de calda. Comemos? Sim, comemos, mas não com tanto entusiasmo. Sinto-me um pouco menos traumatizada por esse episódio atualmente porque naquela ocasião eu ainda não compreendia muito bem o temperamento do forno novo e os bolos saíam sempre com pequenos defeitos.

Tudo isso rendeu, além de frustração gastronômica [dois frustrados, quem cozinhou e quem comeu], uma certa desconfiança em relação aos pobres bolos de limão, tão saborosos em minhas lembranças nem tão vivas assim [tenho a impressão de que não comi muitos bolos de limão na vida]. Fui para uma segunda tentativa com muito mais confiança, visto que já estava com o forno domado e acabara de produzir, alguns dias antes, um bolo mesclado que foi sucesso absoluto e tinha aparência de prateleira de confeitaria tamanha perfeição. Orgulho mode on! Só que, um bolo ruim no histórico abala a credibilidade dos críticos mais vorazes e quando eu sugeri um bolo de limão para aquela tarde de inverno a resposta foi que era melhor não porque o último...

Eu insisti que faria o bolo novamente e daria certo dessa vez. Resultado: ninguém se arrependeu por isso. Aqui está a prova que tudo saiu conforme deveria.

A decoração deixa a desejar, mas a aparência...
Com cobertura nevada! Pena que a foto é do celular.
Agora começa de fato o problema deste post. Na época em que este bolo maravilhoso foi produzido eu não escrevia sobre o ato de cozinhar. Apenas cozinhava e marcava diversas páginas como favoritos. Obviamente, isso acarretava problemas ingerenciáveis para um universo do tamanho da internet. Muito fácil é anotar receitas favoritas em um caderno, mas em sites a coisa complica. Especialmente porque, devido aos meus critérios de organização pouco convencionais, os meus favoritos não são a fonte mais confiável de conhecimento.

Voltando ao bolo de limão siciliano eu tinha a seguinte dúvida antes de começar a prepará-lo: qual fora a receita utilizada para fazer o bolo de limão que deu certo da última vez? Isso seria uma dúvida besta e qualquer pessoa normal, diante da impossibilidade de solucioná-la, iria deixar pra lá e procurar outra receita que fosse de bolo e que levasse limão. Mas não, a pessoa resolve encarar as coisas de um modo obsessivo-compulsivo e descobrir a todo custo qual era "a" receita para a perfeição bolístico-limonácia. Daí surgem ideias absurdas e tentativas mais absurdas ainda de refazer os passos virtuais daquele dia; procurar informações através da fotografia do bolo [único registro e evidência material que o bolo existiu]; tentar rastear o histórico pela data da foto [tarde demais a foto datava 13 de agosto de 2011]; inventariar os sites mais visitados a procura de bolo de limão e comparar as datas das postagens para descartar o que foi feito depois; ler as receitas e tentar se imaginar usando os ingredientes listados; e mais um sem-número de pesquisas investigativas dignas de um crime de assassinato de livros policiais; tudo pelo bolo de limão.

Isso deve ter tomado toda a minha tarde, mas ideias fixas são assim mesmo. Por sorte eu sempre faço várias coisas ao mesmo tempo no computador e a pesquisa foi combinada com outras tarefas que eu precisava cumprir. Conjugando todos os fatores, eu deduzi que a receita era essa aqui. Quem dera tivesse toda essa disposição para pesquisa acadêmica. Eu seria o ás dos arquivos.

Definida a receita a ser utilizada fui pra cozinha e fiz o bolo colocando apenas mais suco de limão, já que o siciliano é bem menos ácido que o tahiti. Usei o todo o suco de um limão mais as raspas. Diminuí também a manteiga e usei 180 gramas [mais do que suficiente, na minha avaliação].

O bolo ficou muito bom, extremamente perfumado, azedinho na medida e fofo, muito fofo. Tanto que já o elegeram o bolo de limão oficial melhor de todos. Entretanto, eu não acho que tenha sido essa a receita utilizada da outra vez e preciso tentar outras até encontrar. Virou uma questão de honra saber. Mesmo depois de mais um bolo bem sucedido, continuo a busca pela receita perdida de bolo de limão.

Notaram a diferença?

Bolo + Instrumentos de trabalho.


Conclusão: tudo isso poderia ter sido evitado se eu escrevesse um blog de comida desde sempre. Quantas neuroses seriam evitadas ou pelo menos amainadas por esse simples gesto.





sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Uma nova série para novos hábitos: ex-preconceito

Apesar de todo o discurso pró-vegetais e toda a reclamação em relação aos que tem problemas existenciais com eles, eu também tenho minhas culpas para confessar sobre o fato de não gostar de alguns vegetais. No entanto, o que vale para os outros vale para mim e venho tentando incorporar a máxima de que não é que você que não goste do legume, só não comeu ele de uma maneira que seu paladar aceite ainda. Por isso, vou começar a fazer uma lista daquilo que me causa reticências e começar a adaptá-las a minha dieta com receitas variadas, até que eu ache a forma correta de preparo.

Neste primeiro episódio o legume escolhido não é nem um desgosto apenas - como os de quem é chato para comer - mas é quase um trauma de infância. Meus problemas gustativos, aparentemente solucionados, são com a berinjela. Digamos que meu primeiro encontro com o vegetal, ainda criança, foi bastante desagradável e isso foi determinante para nosso relacionamento instável.

Certa vez foi com minha mãe e meu irmão em uma excursão que tinha como objetivo passear por algumas cidades visitadas apenas por casais de velhinhos e pessoas que realmente estão [im]pressionadas pela perspectiva de participar de um grupo que viaja de ônibus. Bem, coisas estranhas à parte, é assim que começa minha história de ódio e tolerância com a berinjela.

Nessa excursão, hospedamo-nos em um hotel cujas refeições eram bastante satisfatórias, de acordo com as minhas não confiáveis lembranças de infância. Algumas coisas ficaram bem registradas como a manteiga em bolotinhas que ficava em uma espécie de tina de metal cheia de água, gelo e bolinhas amarelas. Isso foi uma coisa que me impressionou por eu nunca ter visto antes e acho que no momento em que vi pensei no absurdo de ter manteiga na água. Recordo também do salão grande em que comíamos, com muitas mesas e pessoas, que hoje deixa a impressão de ter me hospedado em um hotel grande, do tipo prédio, como dificilmente escolho para ficar quando viajo.

O lance das berinjelas, aconteceu num jantar nesse hotel. Todos se serviam em torno da mesa com as comidas e eu avistei uma cuba dessas de self-service com um picadinho de cubos marrons. Conclusão: eu achei que fosse picadinho de carne e fui na fé e no olho grande pegar a tal carne. Na hora que mordi a coisa, obviamente não se tratava de carne coisa nenhuma mais sim de berinjela. Há um lapso nessa história, pois não sei ao certo como eu fiquei sabendo que aquilo que eu comera era berinjela e só me lembro de fato de uma coisa: não era carne!

Meu ódio, então, não se refere ao gosto da comida em si, mas ao desgosto de ter uma grande expectativa frustrada na primeira mordida. Sem contar o gosto amargo da berinjela, especialmente, para um paladar infantil como era o meu caso. Fiquei muito puta ao morder aqueles cubinhos pequenos e descobrir que não eram o que eu esperava e isso foi irreconciliável. Daí em diante eu jurei ódio ao vegetal em questão e não mais quis saber dele de nenhum modo. Claro que isso foi facilitado pela cultura gastronômica geral da minha casa, a qual não incluía berinjela no cardápio, salvo - é claro - quando virou moda passageira utilizar o seu sumo [ou cápsulas - dã!] em mandingas emagrecedoras milagrosas. Mas isso também não foi pra frente lá em casa e se restringia aos adultos.

Mesmo depois de crescida, já com uma parte do discernimento formado [pelo menos é o que se supõe], ainda não via motivos reais para fazer da berinjela um vegetal comível em minha rotina alimentar. Passei também pela fase do repudiar o seu aspecto, o qual considerava nojento e pouco apetitoso, e já cheguei a recusar um pouco daquele famoso antepasto. Para mim não era concebível comer tal mistura de coisas com aquelas tirinhas marrons ameaçadoras de qualquer senso de estética dos alimentos. Enfim, tenham paciência com uma alma adolescente e com todas os problemas e virtudes que dela possam advir.

O que me fez mudar? Realmente não sei. Num belo dia acordei achando o tal antepasto uma coisa adorável e bem bonita, vai entender. Ainda assim, eu só achei uma foto bonita e apetitosa e não estive em contato com a coisa de fato, apenas o interesse despertado e uma possibilidade de mudança no jogo. Ah! Isso foi a bastante tempo e me lembro que vi a foto de uma página impressa do site da Ana Maria Braga com o antepasto no carro do meu pai, quando estávamos indo - eu e meu irmão - passar um fim de semana na casa dele. Ainda cheguei a comentar, sabe lá porque, que aquilo era gostoso sem nunca ter experimentado nada parecido antes. Acho que foi a foto!

Depois desse súbito e infundado rompante de amor ao vegetal antes odiado levou ainda um bom tempo até que eu resolvesse experimentá-lo e quando o fiz - já na fase adulta - o resultado da tentativa não foi muito satisfatório. Acho que a preparação não estava das melhores - comi no restaurante que costumo almoçar perto do trabalho - e tinha um gosto bastante amargo e oleoso, além do aspecto não muito palatável. Peguei aquela mínima porção de berinjelas refogas naquele dia por raiva de mim mesmo [talvez] ou por estar com muita vontade de provar para mim mesmo que poderia gostar de berinjela. Que saga!

Deixei pra lá, até que um belo dia em que, no mesmo restaurante, nenhuma das carnes me pareceram saborosas o suficiente e a vontade de comê-las era nula [acho que meu problema era com carnes em geral no dia]. Nesse ponto já havia começado a minha mudança de hábitos alimentares e ao avistar um tabuleiro cheio de disquinhos de berinjela cobertas de queijo e com molho de tomates, sabia que seria esse o meu almoço. Não deu outra, estavam deliciosas, no ponto correto em termos de textura [nem muito moles, nem muito duras] e comi tudo aquilo com gosto e com a satisfação da vitória.

Tanto que decidi que iria reproduzir a receita em casa e tentar convencer até os mais radicais que sim, berinjela era bom. Concluí, acertadamente, que o apelo ao queijo seria de grande valia para tocar os corações mais inquietos. Assim, após muitas olhadelas de soslaio para banca de berinjela no sacolão, muita dúvida sobre levá-las ou não para casa naquela compra e muita resistência por parte dos acompanhantes de mercado dizendo: "Pra quê isso aí?", comprei duas berinjelas pequenas e finas [por algum motivo oculto achei que elas finas são melhores].

Ontem foi o dia de me aventurar na cozinha com elas. Preparei meu espírito para as questões por vir e segui em frente com buscas infinitas pela internet para achar algum prato que pela foto fosse semelhante com o do restaurante. Muitas dúvidas! Nunca havia cozinhado berinjela antes na minha vida e não podia errar com tanta expectativa em jogo. Não sabia se cozinharia adequadamente apenas no forno com o molho, se precisava cozinhar antes, for as milhares de dicas diferentes de como tirar o amargo essencial. Desisti das receitas e iniciei uma empreitada meio free style, by myself, com leve inspiração numa berinjela à parmegiana.

Cortei uma delas em discos grossos, coloquei em um escorredor e salpiquei sal por sobre elas [dica um para tirar o amargo], depois coloquei elas mergulhadas na água com vinagre e deixei por meia hora [dica dois para tirar o amargo]. Na dúvida usei todas as dicas de tirar amargo e de certo não sei qual a que fez efeito. Escorri bem, sequei no secador de saladas e, na dúvida, resolvi grelhar cada um dos discos numa frigideira quente com sal e pimenta e uns pedacinhos de alho que passei na chapa só pra dar o ar da graça [vai que grelhar é importante]. Então dispus os discos em um refratário, esquentei o molho de tomate pronto com alho, salsão, manjericão e pimenta. Joguei o molho sobre os discos no refratário e cobri com uma quantidade exagerada de muçarela, umas raspinhas de parmesão e folhas decorativas de manjericão. Depois forno para gratinar.
Você comeria um prato como esse?

E como esse?

Antes de ir para o forno fui mostrar o refratário coberto de queijo para os mais desconfiados e perguntei: "Olha que lindo! Você não comeria um prato como esse?". A resposta foi: "Aí é que tá! Pela aparência comeria sem dúvida, o problema é o que ela esconde. É uma armadilha! It's a tramp!". Tive que rir descontroladamente mas segui com os planos.

Na mesa, ainda cercada de desconfiança, a berinjela ao forno foi para os pratos e passou com louvor no seu teste de redenção vegetal. Todos adoraram, ficou melhor que a do restaurante e eu já pude até sugerir, sem cometer nenhuma heresia, uma versão de pizza de berinjela.

Mas... Todo processo é lento e cômico nesta residência e o comentário que obtive quando falei - "Agora você gosta de berinjela, que bom! Você é um amante de berinjela!" - foi esse: "Calma aí! Eu gosto desse tipo de berinjela aqui, com muito queijo e nenhuma outra!"

Do the evolution: pão italiano integral à perfeição

Eu fiquei realmente feliz, entusiasmada, extasiada ao morder esse pão. Eu venho buscando a perfeição panificadora a algum tempo, utilizando os mais diversos recursos, pesquisando, lendo sobre técnicas, entendendo a química por trás de tudo, procurando receitas e, sobretudo tentando. Já errei algumas vezes, é verdade, mas o sucesso tem sido maior que o fracasso proporcionalmente.

O fato de fazer pães em casa, além de ser terápico em alguns momentos, permite controlar melhor aquilo que vai na massa e, consequentemente, para dentro do seu corpinho. Apesar do benefício considerável que isso representa, não é o suficiente. Um pão caseiro tem que ser melhor que o comercial no quesito sabor, de modo que compense, sem restrições, o empreendimento que acarreta para ser produzido nas condições não tão favoráveis de uma cozinha doméstica. Não adianta ser mais saudável, controlado e com ingredientes selecionados, se não for comível.

Daí a minha quase neurose com relação ao resultado que sairá de cada fornada. Mesmo com os indícios positivos enquanto o preparo da massa vai sendo feito, só quando você abre o pãozinho, passa manteiga e como é possível avaliar se aquele estava de acordo ou não com o padrão que você espera de pães de um modo geral.

Eu já havia feito essa receita em uma outra oportunidade sem muito sucesso, pelo menos não um sucesso retumbante. O pão ficou mais duro do que o esperado e deu um certo trabalho para ser consumido por inteiro. Só que eu já vinha na expectativa de produzir um pão mais hardcore desde a última aventura bem-sucedida com o semi-integral de forma.

Na verdade, eu não sei muito bem o que eu busco com pães dessa natureza, mais encorpados, com gosto mais forte e que enchem a boca quando você come. Não tenho muito com o que comparar, já que a variedade panificadora nas cidades onde morei se resumiam a uns três ou quatro tipos de pães bem aceitos por 90% da população das redondezas. O máximo de variação das padarias locais eram um pão recheado com sobras de presunto e queijo das pontinhas da peça que não dão para ser fatiadas. E, quando muito, uma fruta cristalizada mais estilosa - nem por isso saborosa - pipocava em uma fina camada cretinamente enganadora sobre a casca do pão doce.

Acho que teria uma coisa se visitasse uma padaria de verdade, com variedades infinitas de tipos de pães de todos os lugares e formas e cheiro de pão fresco. Acho que meu descontentamento hoje ainda é maior porque não existe mais padeiro, mas sim um funcionário misturador do pó que vem no saco da famigerada Bunge [ou similares]. E, assim, todas as massas do mais básico pão francês não alcançariam o status de decente na minha classificação nem tão apurada. É sempre o pão de massa sem gosto, levemente azeda, sem a casca quebradiça - é um absurdo economizarem até na casca - e que se esfiar vira uma coisa amorfa e borrachuda, cujo mal-estar de comer só pode ser explicado pela fome ou minimizado pela utilização de torradeiras, sanduicheiras ou equipamentos do gênero.

Conversas a parte, escolhi e comecei essa receita por puro impulso de sair de uma inércia preguiçosa e perigosamente contagiante que me acometeu no início dessas férias. Eu tinha que fazer alguma coisa para não ficar parada, então fui fazer pão. Não que haja nada de errado com rompantes culinários que te tiram do estado de letargia moribunda, exceto pelo timing do pão. Pão tem etapas, método e um tempo próprio para que funcione bem, devido a fermentação necessária para que cresça e fique macio. Quando tal entusiamo me acometeu, calculei mal esse tempo e descobri que só teria pão pronto no jantar se seguisse as etapas previstas na receita. Solução: já estava com a massa em andamento e não tinha como voltar atrás, então deixa o pão fermentar lentamente na geladeira até o dia seguinte.

Funcionou? Acredito que perfeitamente, pois foi um dos melhores pães já feitos por essas mãozinhas que escrevem esse texto. A receita é de um velho e conhecido site: Pão italiano integral.

Já as modificações são, como sempre, parte dessa alma inquieta que não aceita regras ou medidas fixas. Rá. Mentira, pois é só alguma coisa pouco lógica que me acomete e faz com que eu faça tudo do meu jeito mesmo, apesar de ter receita e uma pessoa experiente que já fez a receita dizendo que dá certo daquele jeito. Vai entender.

Mas as mudanças foram poucas, eu só aumentei um pouco a quantidade de fermento, de 3 para 5 gramas, porque acho que, secretamente, eu quero que o saco de 500g de fermento biológico acabe. Usei um pouco, cerca de 30 gramas, de farelo de trigo misturado a farinha integral. E, claro, coloquei mais água do que o recomendado [bad, bad, bad, mania feia]; pus 250 gramas de água, quando a receita pedia 225. Eu tenho problemas com esse negócio de água na massa de pão, é como uma síndrome pós-Bertinet. Medi 250 para ir acrescentando mais aos poucos se fosse necessário, mas aí algum fluxo sanguíneo é interrompido na minha cabeça, me dá um branco e a criatura joga o copo de água todo na massa, sem nem ao menos lembrar que era só para o caso de necessidade.

Depois de sovar bem a massa, arquivei ela na geladeira até o dia seguinte, quando após a modelagem e a fermentação final de uma hora e meia ela poderia ir para o forno. Até agora tenho tido sucesso com pães de dormem antes de serem assado, será que pode ser um novo método de massa dormida? Tudo bem que já exista a pré-fermentação, as bigas e todas aquelas coisas de gente sem pressa, mas esse método é para os que são atrapalhados e ainda assim querem pão; ou para os que querem ele assado e com cheiro no café da manhã sem ter que acordar no horário do padeiro. Tem funcionado bem até agora.

Antes do pão no forno, mais um procedimento, criar steam para criar casca. O pão tava lindão e bem crescido, então, eu não queria estragar tudo por falta de vapor, valendo-me, por isso, de todos os métodos conhecidos para criar gotículas de água no meu forninho doméstico meia boca. Liguei o bicho para pré-aquecer e quase desmontei a grade pra poder colocar uma assadeira no chão do forno com água. Depois coloquei água para ferver no fogo e na hora de colocar o pão, coloquei mais água fervente na assadeira, acionei um ajudante para jogar o pão lá dentro enquanto eu pulverizava água no forno com o borrifador.


Perfeitos!

Funcionou? Funcionou, mas acho que da próxima vez vou tentar uma assadeira vazia pré-aquecendo junto com o forno que recebe água só quando já está quente, pois isso deve criar mais vapor. O bom mesmo foi ter que tirar a assadeira com água do chão do forno depois dos primeiros dez minutos. E nessa parte eu devo um agradecimento a uma amiga que me presenteou com uma luva de pegar coisas quentes providencial. Eu já tinha uma luva dessas, mas com a que ela me deu eu pude fazer a coisa com o máximo da segurança e atenção e não deixei água fervendo cair em nada, apesar das chances serem sempre desfavoráveis em relação a minha pessoa e procedimentos delicados.

Agradecimento especial pela luva.
Veredicto: eu fiz ruídos estranhos enquanto estava comendo o pão e não sabia se ria ou mastigava. Não preciso dizer mais nada.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Heaven: quando tudo dá certo na cozinha

Como eu já falei hoje, fazer exercícios deu um start em alguma coisa que havia perdido desde o fim do ano passado. Voltei pra casa bem e determinada a executar, não gente, mas planos.

Eu ainda planejo as nossas refeições com antecedência antes mesmo de sair às compras, o que me ajuda a comprar menos e evitar o desperdício. Ultimamente, acho que tenho relaxado um pouco na coisa de comprar o estritamente necessário para a sobrevivência e me deixei levar por umas cerejas aqui, um queijo diferente ali que talvez tenham sido adquiridos por mero impulso. Entretanto, radicalismos a parte, acho que estou tentando chegar a um meio termo, já que considero a fase inicial de adaptação como etapa concluída neste processo de mudança de hábitos. Agora eu tenho um plano, mas estou um pouco mais aberta a improvisos, desde que não comprometam a regra do desperdício.

Uma das extravagâncias recentes foi um pedaço de queijo feta que me deixou enlouquecida diante dele na geladeira do supermercado - ficarei conhecida conhecida como a louca da geladeira? - pensando se devia ou não comprá-lo. Pega na prateleira: ah, eu mereço um queijo diferente. Bota na prateleira: vou comprar ricota mesmo. Pega de volta: mas porque não, né?. Devolve: é meio caro. Aí, o que eu faço. Levei o queijo pra casa. Acho que não tô batendo bem mesmo, porque tenho a impressão de que ele nem era tão caro assim e nem se compara com ricota, a qual também tem seu valor se não for comparada com um delicioso e forte tipo feta.

Queijo na geladeira e muita vontade de usá-lo, já foi para uma salada logo no segundo dia e seu gosto forte e ligeiramente salgado joga por terra qualquer pensamento que associe salada a uma coisa sem graça. Na boa, entre o feta e a mussarela de búfala sou mais feta. Como disse meu querido companheiro: "A única coisa que me decepcionou um pouco na culinária italiana foi a mussarela de búfala, pois o resto dá sempre certo!" A pessoa tá virando um gourmet nas análises. Também o tanto que eu encho o saco com as explicações todas e praticamente obrigando o pobre a ficar me vendo deslumbrada folhear um livro de mais de mil páginas, só podia dar nisso.

Ponto pros gregos!

Mas o bom é que o feta combina muito bem com o resto do kit cucina italiana: tomate e manjericão. Ontem foi a vez do queijo figurar numa salada de improviso feita para um jantar quase lanche, já que remediou aquela fominha do início da noite. Estávamos bem e sem fome, vendo seriados, quando a luz começou a piscar e o computador deu tilt por causa das quedas de luz. Parecia aquelas cenas de filme de terror em que todos os eletrodomésticos ficam ligando e desligando sozinhos. Caiu uma fase da eletricidade, então o seriado foi pra conta e só nos restou ir para a cozinha - à meia luz - arrumar alguma coisa pra passar o tempo.

Chamei a salada, simpaticamente, de salada de cubos e nas cambuquinhas juntei tomates de um tipo berry, que eu nunca tinha visto até achar a bandejinha no mercado e ter que comprar [é um impulso quase incontrolável comprar um vegetal que eu não conheço - paciência]. São muito doces e valeram a pena. Depois pão de forma caseiro, sal, azeite, pimenta moída da hora, folhas de manjericão e queijo feta. Não preciso dizer que estava tudo cortado em cubos. Pra finalizar e dar um pouco de sustância, fiz dois ovos poché e coloquei por cima de tudo.

Incrível, o molinho da gema, derretendo e agregando sabor aos vegetais. Vou falar: os mais reticentes comeram e ficaram felizes e satisfeitos, cantando aos quatro ventos que aquela salada era ótima e que comeria de novo. O meu mais novo problema com a salada é que acaba rápido e não enche a barriga dos mais vorazes, mas isso é um bom problema, afinal, daqueles dos quais não podemos reclamar.

Vai parecer um déjà vu, só que hoje eu cheguei bem disposta da rua e fui fazer o almoço seguindo o plano do almoço para quarta-feira: macarrão integral com vegetais inspirado livremente neste aqui. Estava pretendendo usar um restante de vagens francesas que já estavam cozidas na geladeira com alho, hortelã e o queijo queridinho nesta temporada. Mas aí, achei que o tomate ia dar uma cor tão boa que resolvi colocar também e ficou parecendo a comida de ontem. Ficou muito bom, é o tomate foi providencial, dando um up no prato tanto visualmente quanto no sabor.

Para o macarrão de hoje - que poderia ser considerado uma salada morna - usei um pouco de macarrão fusilli integral [eu meço a massa crua no prato, um para casa um que vai comer, e jogo na água], tomates cortados em cubos e marinados em azeite, sal, orégano fresco florido e raspas de limão siciliano ultra perfumados, vagens refogadas em alho e azeite. É só juntar tudo na panela e finalizar com folhas de hortelã rasgadas e queijo feta esmigalhado.

Obra-prima! Com direito a uma vagem rebelde.

Lindo prato e muito saudável. Sem contar que também foi aprovado e estou contente nesse momento com meus resultados na cozinha. Andava meio mais ou menos com alguns resultados não tão satisfatórios e hoje tudo deu certo. Acabei de comer um dos melhores pães que já produzi, sobre o qual devo escrever amanhã e isso foi absolutamente fabuloso. A cozinha é, definitivamente, o meu território!